Cientistas brasileiros descobrem variante Gama plus do coronavírus

Cepa de Manaus sofreu mutação com característica encontrada na Delta, dizem pesquisadores

Foto: Pixabay/Reprodução

Pesquisadores brasileiros encontraram uma nova versão da variante Gama do coronavírus, identificada em janeiro em Manaus (AM). A cepa chamada de Gama plus é descrita em um trabalho feito pelo projeto Genov, da rede de laboratórios Dasa.

Os cientistas analisaram 1.380 amostras de pessoas com Covid-19 no país. Onze delas (Gama plus) tinham a mutação P681H, o que os autores do relatório classificaram como “convergente com características da Delta, variante que geralmente apresenta essa alteração estrutural”.

Em termos científicos, um aminoácido presente na “coroa” do coronavírus, chamado prolina, é substituído por outro, a histidina. “Essa mutação de prolina para histidina já havia sido vista em outras variantes no mundo, incluindo todas as variantes de preocupação (VOCs, na sigla em inglês), mas não era muito comum na Gama. No entanto, temos visto um aumento em sua ocorrência nas amostras brasileiras”, explica José Eduardo Levi, coordenador do Genov e virologista da Dasa, em comunicado.

As amostras de Gama plus foram encontradas em Goiás (5), Tocantins (2), Mato Grosso (1), Ceará (1), Santa Catarina (1) e Paraná (1). Levi ressalta a importância do monitoramento genômico do coronavírus a fim de identificar não apenas as variantes importadas, como a Delta, mas mutações nas variantes que já são predominantes aqui — no caso, a Gama — e que podem se tornar mais fortes.

O trabalho do Genov aponta que 95% das amostras analisadas eram da variante Gama, responsável pelo pior momento da pandemia no Brasil, entre março e abril, quando o país chegou a registrar mais de 4 mil mortes em um só dia.