Reconstituição do caso João Alberto começa nesta terça em Porto Alegre

Reprodução Simulada dos Fatos, com participação da Polícia Civil e Instituto-Geral de Perícias, atende pedido de advogado que defende dois dos seis indiciados pelo crime

Foto: Alina Souza/CP Memória

A titular da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (2ª DHPP), delegada Roberta Bertoldo, confirmou à reportagem do Correio do Povo que, em duas fases, entre amanhã e quinta-feira, vai comandar a reconstituição da morte de João Alberto Silveira, de 40 anos, o Beto, espancado no estacionamento da filial do hipermercado Carrefour, situado no bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre.

Em dezembro, a Polícia Civil indiciou seis pessoas por homicídio doloso triplamente qualificado: dois seguranças, um deles (agora ex) policial militar temporário, uma fiscal, um outro vigilante e dois funcionários do complexo. O horário da Reprodução Simulada dos Fatos, com a participação do Instituto-Geral de Perícias, não é divulgado mas é possível que ocorra no período noturno.

O pedido de reconstituição havia sido encaminhado pelos advogados David Leal, Raiza Hoffmeister, Jader Gilberto, Márcio Rosano e Tainara Monteiro, que defendem o ex-policial militar e um dos funcionários.

“Nós estamos sendo assessorados por dois peritos que fizeram o estudo das provas periciais que foram realizadas. O estudo dos peritos médicos legistas Cléber Müller e Antônio Nunes, que já foram diretores gerais do IGP no Rio Grande do Sul e Piauí, até nos causou bastante surpresa. Eles certificam que nem mesmo meu cliente foi responsável pela causa-morte do João Alberto, que veio a óbito no local. Houve uma série de fatores que resultaram na morte da vítima”, disse o advogado David Leal ao Correio do Povo. Ele cita a tendência da vítima a problemas cardíacos, o excesso de esforço físico, o uso da substância lidocaína e o “abuso de outras drogas”, entre outros fatores.

“Nosso papel na reconstituição é verificar como se deu a morte de maneira técnica. Queremos entender pontualmente a contribuição de cada um e se eles de fato são integralmente responsáveis pela morte de João Alberto”, esclareceu o advogado, referindo-se ao ex-PM temporário.

Em relação ao funcionário que defende, o advogado considera que “ele não teve qualquer contribuição para o resultado morte e tampouco tinha o dever de agir”. Conforme o defensor, o empregado era fiscal de mercadoria e “não tinha um mínimo de orientação ou preparo para qualquer tipo de intervenção física”.

David Leal considerou ainda que o cliente acabou sendo denunciado sem razão. “Na investigação, ele foi ouvido como testemunha e ao final do inquérito foi indiciado. Foi uma ilegalidade tremenda”, enfatizou. “Foi quase uma estratégia ardil. Foi um grande erro”, resumiu. “Ele não teve qualquer envolvimento, Ficou olhando e bastante confuso, sem saber o que fazer”, acrescentou.