Condições do mar e rios do litoral Norte comprometem buscas pelo corpo do menino Miguel

Décimo dia da operação teve um revés em decorrência da mudança da correnteza do mar

Foto: Renato Dias / Correio de Imbé / Reprodução

Equipes que fazem buscas ao menino Miguel dos Santos Rodrigues, supostamente sedado e morto pela mãe, retomaram o trabalho no início da manhã deste sábado, na praia de Imbé e seguiram rumo ao Norte pela costa. No 10º dia, a varredura chegou até Capão da Canoa e, depois, Torres. No meio da operação, os militares precisaram “virar as buscas para o sul” em decorrência da alteração das correntes marítimas, informou o comandante dos Bombeiros em Tramandaí e líder da operação, tenente Elísio Lucrécio, à equipe de reportagem da Rádio Guaíba.

“A água está muito turva, como chocolate, e a constatação desta manhã é que não há possibilidade visual alguma para o reconhecimento de um cadáver boiando nas águas”, destacou o tenente.

Na tarde de ontem, após a mãe de Miguel, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, mudar a primeira versão do crime, cães farejadores foram enviados à pousada onde o menino vivia com ela e a madrasta, Bruna Porto da Rosa, sem que nada tenha sido encontrado. Os animais foram usados dentro do apartamento, no terreno e no pátio do local onde Miguel residia.

A intenção da procura na pousada era identificar se ele havia sido morto no local e deixado nos arredores, como alegou a mãe, na segunda versão do crime. As buscas pelo menino seguem mobilizando equipes nas proximidades do mar, do rio e da orla. “Se algum pescador, ou morador, identificar algo parecido com o corpo do menino Miguel, nós iremos fazer a verificação”, ressaltou o tenente Lucrécio.

Saiba mais

A mãe do menino deve ser indiciada por homicídio qualificado (meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima) com majorante (praticado contra pessoa menor de 14 anos) e agravante (cometido contra descendente), ocultação de cadáver e resistência. Uma mala de rodinhas, que ela disse ter usado para levar a vítima até o rio Tramandaí, passa por perícia após ter sido apreendida durante as buscas, na noite de quinta-feira.

Informações obtidas pela Polícia Civil mostraram que o menino vivia sob intensa tortura física e psicológica, mantido em uma peça de um metro quadrado, nos fundos da moradia, e até mesmo trancado dentro de um armário.
Mesmo com a operação dos bombeiros militares em busca do menino Miguel, a Polícia Civil entende já ter provas suficientes para indicar a mãe e a madrasta do garoto por homicídio. A principal prova é a própria confissão das duas mulheres presas – a mãe, Yasmin, e a companheira, Bruna – transferida para o Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre, que recebe criminosos com doenças mentais que cumprem medida de segurança.

Já a mãe de Miguel está presa na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na região Metropolitana de Porto Alegre. A Polícia Civil pretende realizar a reconstituição do caso, que ainda sem data marcada. Yasmin e Bruna devem ser ouvidas novamente pela Polícia Civil.