CPI: governistas dizem que Davati tentou “golpe que não deu certo”

Senadores Marcos Rogério e Jorginho Mello acusaram Cristiano Carvalho e Dominguetti de negociarem vacinas que não existiam

Foto: Pedro França / Agência Senado

Os senadores governistas Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC) afirmaram que o depoimento do vendedor da Davati, Cristiano Carvalho, nesta quinta-feira, à CPI da Covid comprova que a empresa tentou um “golpe no Ministério da Saúde que não deu certo”.

Marcos Rogério chegou a pedir aos senadores para ignorar todas as declarações de Carvalho após o depoente se recusar a dizer quem havia pedido, em nome dele, auxílio emergencial do governo federal em 2020. O parlamentar afirmou que havia, inclusive, fundamento para um pedido de prisão do vendedor. “Mas não vou fazer isso”, adiantou o senador.

“Fiz apelo a Vossa Excelência (dirigindo-se ao presidente da CPI, Omar Aziz, do PSD-AM) por diversas vezes para não praticar tal ato [prisão de depoentes]. Eu não vou mudar minha posição neste momento”, acrescentou Marcos Rogério.

O senador de Rondônia desqualificou o responsável por acusar o governo de se esforçar para comprar as vacinas da empresa. Marcos Rogério cobrou o registro profissional de vendedor de Carvalho ou um documento que comprove ligação com a Davati. Disse também que o depoente contou uma história fantasiosa de vendas de milhões de vacinas que jamais foram entregues em nenhum lugar do país ou do mundo. “Essa denúncia de propina teria sido vingança porque não conseguiram enganar o Ministério da Saúde?”, questionou.

Carvalho respondeu, então, que há documentos mostrando haver algo estranho na negociação. “Existiu, sim, algo muito estranho. A tentativa de golpe ao Ministério da Saúde e ao conjunto de governos e prefeituras municipais”, opinou Marcos Rogério, que acusou a CPI de estar dando palco para “trambiqueiros” e “vendedores de ilusão”.

De acordo com o governista, travar o suposto golpe foi um mérito do Ministério da Saúde. “Não chegou sequer a tramitar a proposta, zero chance de ir à frente. Mas aqui na CPI [o caso] é tratado como “isso é muito importante”, ‘essa revelação é muito importante’, ‘depoimento muito importante'”, zombou. “Qual o crime? Quanto foi pago? Nada.”

Na mesma linha, Jorginho Mello declarou que havia preparado algumas perguntas sobre a Davati, mas que, diante das informações prestadas até aquele momento, desistia para não perder tempo. Jorginho adicionou mais um adjetivo a Cristiano Carvalho e a Luiz Paulo Dominguetti: “picaretas”.

Dominguetti é o autor original da denúncia de que o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Pereira Dias pediu propina para comprar doses da vacina da AstraZeneca por meio da Davati. “O senhor falou aqui do reverendo [Amilton Gomes de Paula, citado por Carvalho], citou o Vaticano. Isso é uma bobajada. É uma tentativa de um golpe que deu tudo errado”, analisou o senador catarinense.

Jorginho pediu para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçar o sistema de compliance da pasta, para não permitir que pessoas como os representantes da Davati negociem com o governo. “Não devem receber pessoas da qualidade do senhor Cristiano e do Dominguetti, para fazer essa picaretagem, essa venda, essa articulação. Isso não ajuda ninguém”.

E finalizou o curto discurso: “Eu encerro e não faço nenhuma pergunta, porque eu acho isso uma lambança tão grande que não merece consideração.”