CPI da Pandemia: vendedor da Davati diz que empresa foi procurada em nome do Governo

Segundo o depoente, cabo da PM dizia ter uma demanda do Ministério da Saúde e estava atrás de um fornecedor internacional

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O vendedor da Davati Cristiano Carvalho deu, à CPI da Covid, nesta quinta-feira (15), uma versão completamente diferente à negociação com o governo federal por doses da vacina AstraZeneca. Carvalho disse que foi Luiz Paulo Dominguetti quem o procurou atrás de vacinas. Segundo o depoente, o policial militar de Minas Gerais diz ter uma demanda do Ministério da Saúde por vacinas e estava atrás de um fornecedor.

A declaração vai contra o que disse Dominguetti na mesma CPI. O cabo da PM mineira afirmou que Cristiano havia delegado a ele a missão de oferecer as vacinas da AstraZeneca que a Davati dizia ter ao Ministério da Saúde. Carvalho declarou também que não é SEO da Davati e sequer tem vínculo empregatício com a empresa – as admitiu ter exercido a função de aproximar a companhia de autoridades brasileiras.

Ele citou que, além do Ministério da Saúde, a Davati negociou imunizantes com o Governo de Minas Gerais. De acordo com o representante da Davati, Luiz Paulo Dominguetti o procurou pela primeira vez no início de 2021. “Ele me mandou e-mail em 10 de fevereiro se apresentando: ‘Oi, sou Dominguetti’. Até então, eu o desconhecia.”

Cristiano Carvalho afirmou que Dominguetti e o reverendo Amilton Gomes de Paula, da ONG Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários) foram os responsáveis por levá-lo a uma reunião ao Ministério da Saúde, em 12 de março deste ano.

“Ele {Dominguetti} se empenhou muito na venda das vacinas. Fez um trabalho muito grande com a Senah”, observou Carvalho, ao comentar que sequer sabia que o autor da denúncia de um pedido de propina por parte do Ministério da Saúde exercia também a atividade de policial militar.

Segundo Carvalho, ele, Dominguetti e o reverendo foram a uma ONG, Instituto Força Brasil, do coronel Helcio Bruno, pouco antes da reunião com o governo federal. “Fui receoso, inclusive, nunca quis ter um envolvimento com o governo federal. Mas os traços de veracidade que chegavam até mim por eles me davam a entender que realmente havia essa demanda do governo federal.”

Helcio Bruno seria colega de turma do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, que estava nessa reunião do dia 12 de março.