Ministério eleva previsão de crescimento econômico para 5,3% em 2021

Projeção de inflação subiu para 5,9%, mas deve diminuir em 2022

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Foto: Marcos Santos / USP Imagens / CP

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia aumentou a projeção para o crescimento da economia este ano e também para a inflação. As estimativas aparecem no Boletim Macrofiscal divulgado hoje pela pasta. A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 3,5% para 5,3% em 2021, em relação ao último boletim, divulgado em maio.

O aumento se deve à incorporação do resultado positivo do primeiro trimestre do ano. A alta de 1,2% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, superou as estimativas de mercado. “Esse avanço se soma à retomada do crescimento observada nos dois trimestres anteriores, mesmo com o recrudescimento da pandemia de Covid-19 no início deste ano”, cita o boletim.

De acordo com o documento, os indicadores de confiança refletem melhoras nas expectativas dos empresários, com crescimento em todos as áreas, em especial no setor de serviços, e boas perspectivas para o segundo semestre, dado o avanço da vacinação da população e redução do distanciamento social.

A retomada do investimento em 2021 também é destaque, com alta de 43,6% na produção de bens de capital, de janeiro a maio, frente ao mesmo período do ano anterior. Segundo o boletim, essa recuperação vai contribuir para a ampliação da capacidade produtiva.

Para o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, o caminho para o maior crescimento econômico passa ainda pela continuidade da agenda de reformas estruturais, políticas de consolidação fiscal, privatização e concessões e reformas pró-mercado, além da manutenção do ritmo de vacinação.

“Não há dúvidas, hoje a vacinação em massa é a melhor política econômica possível”, disse, em coletiva virtual para apresentar os dados do boletim.

Perspectiva

Para os próximos anos, de 2022 a 2025, a estimativa de crescimento do PIB da SPE se manteve em torno de 2,5%. Entretanto, há incertezas e, para a Economia, ainda é necessário prudência, devido aos efeitos da pandemia e da intensificação do risco hidrológico. “O cenário do setor energético também é outro componente de ampliação da imprevisibilidade”, reconhece o boletim.

Para Sachsida, é importante também iniciar um debate na sociedade sobre os custos de longo prazo da pandemia, como o capital humano, o endividamento das famílias, empresas e governo, os choques na saúde pública e a pobreza.

“Um jovem de 16 anos, se era jovem pobre, ficou ano passado e esse ano sem estudar, perdeu dois anos de educação pelo resto da vida. Esse é um tremendo choque na formação de capital humano. E não há culpado, a pandemia gerou isso”, disse. “A pobreza é um custo de longo prazo da pandemia, Infelizmente, aumentou a pobreza no mundo inteiro e não foi diferente com o Brasil, por isso precisamos de um programa mais robusto de combate a pobreza”, completou.

Inflação

A projeção de inflação da SPE pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2021 subiu de 5,05% para 5,9%. O valor segue acima da meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75% para o ano, e acima do limite superior do intervalo de tolerância, de 1,5 ponto percentual, ou seja, 5,25%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 8,35%.

“No entanto, a expectativa de inflação de mercado no médio prazo encontra-se ancorada e a projeção do IPCA, neste boletim, converge para o centro da meta a partir de 2022 (3,5%)”, menciona o documento.

De acordo com a secretaria, o IPCA vem sendo impactado mais fortemente pelas variações ocorridas nos preços dos itens monitorados, ou seja, produtos como gasolina, medicamentos e gás de cozinha. No acumulado em 12 meses até junho, esse grupo registrou aumento de 13%.

“Importante destacar que hoje a inflação em 12 meses é de 8,35%. Ao fechar o ano em 5,9%, estamos mostrando é que a inflação segue trajetória de queda”, explicou o secretário Sachsida.

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deve encerrar este ano com variação de 6,2%. Com participação relevante dos produtos agropecuários, a projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que abrange também o setor atacadista e o custo da construção civil, além do consumidor final, é de 17,4%.