Polícia prende três suspeitos de desvio de medicamentos do HPS para fabricação de drogas

Um dos envolvidos atua como funcionário terceirizado da instituição

Caso foi denunciado por uma médica, que teve a assinatura falsificada. Foto: Polícia Civil do Rio Grande do Sul/Divulgação

A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (13), o último dos três suspeitos de envolvimento com um esquema de desvio de medicamentos no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) de Porto Alegre. O homem, detido em seu local de trabalho, é funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços para a instituição.

As investigações começaram após a denúncia de uma médica, alertada por um farmacêutico sobre a existência de centenas de receitas de Codeína em seu nome. Segundo a profissional, ela nunca havia prescrito o medicamento. Também chamou a atenção o fato dos pedidos serem entregues sempre no mesmo endereço.

No local, a polícia efetuou a primeira prisão, em flagrante. O celular do suspeito foi apreendido e, nele, foram encontradas conversas com o funcionário da terceirizada que executava o desvio dos insumos hospitalares. Segundo a delegada Ana Caruso, responsável pelo caso, o esquema tinha forte influência das redes sociais.

“Encontramos a página do Instagram que era usada para a venda da Codeína. Eles ensinavam como era feita a mistura, que deixa a pessoa drogada e é extremamente viciante. Agora, vamos abrir os celulares dos demais investigados para descobrirmos como funciona a negociação e quem são os compradores”, afirma.

Entorpecente é popular nos EUA

O medicamento vendido pelos criminosos é usado para o alívio da dor. Já a mistura entorpecente feita com o remédio é caracterizada pela cor roxa, e é consideravelmente popular nos Estados Unidos. As investigações contaram com o apoio de um servidor do HPS, que serviu de informante.

O homem flagrado no local onde a Codeína era armazenada já foi solto; além dele e do suspeito preso nas dependências do hospital, uma terceira pessoa foi detida na zona Leste de Porto Alegre. Os mandados expedidos pela Justiça são temporários, mas há a expectativa de que sejam convertidos em preventivos nos próximos dias.

“O próximo caso são os interrogatórios, se eles quiserem ser ouvidos. Depois, veremos os desdobramentos. Os suspeitos ficam presos por cinco dias, que é o prazo previsto por Lei, mas vamos ver se conseguimos uma extensão já que este é um crime gravíssimo”, ressalta a delegada Ana Caruso.

HPS abre sindicância para apurar o ocorrido

O Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre é administrado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Capital. Em nota, a pasta informa que colaborou com as investigações e que o funcionário terceirizado, que trabalha a um ano no HPS, será imediatamente afastado do cargo.

Ainda conforme a SMS, a empresa que prestava os serviços está em processo de substituição. O HPS abriu sindicância interna para apurar o ocorrido, e “vem adotando medidas para controlar com mais rigor a distribuição de medicamentos potencialmente perigosos e medicações de alta vigilância.”