Lira: “Não posso fazer impeachment sozinho”

Presidente da Câmara dos Deputados disse não haver "materialidade" nos requerimentos nem ambiente político para essa decisão

Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

Pressionado a abrir um dos mais de 100 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o início de um processo de afastamento é uma decisão política que não depende apenas dele.

Lira já disse não haver “materialidade” nos requerimentos nem ambiente político para essa decisão. “Essa é uma decisão política. Neste momento, temos que trabalhar mais para pôr água na fervura do que para botar querosene”, declarou. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O presidente da Câmara afirmou ainda que trabalha para manter um ambiente “estável e previsível”, que permita a votação de reformas e matérias importantes na Casa. “Sobre esse assunto, já estou cansado de dizer e repetir. Não posso fazer esse impeachment sozinho. Erra quem pensa que a responsabilidade é só minha. Ela é uma somatória de características que não se configuram, algo que é dito por mim, pelo presidente (do DEM) ACM Neto, pelo ministro (do Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, para citar alguns”, afirmou.

Apesar da declaração de Lira, a decisão de dar andamento ao processo é exclusiva do presidente da Câmara. Para afastar o presidente, são necessários, no mínimo, 342 votos no plenário – um cenário que hoje é considerado improvável.

Lira disse que o País precisa se “acostumar” ao processo democrático e assegurou a realização de eleições em 2022, sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que disse na semana passada que a disputa pode não ser realizada se o Congresso não aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso – uma das principais bandeiras da base dele, que levanta dúvidas sobre a validade da urna eletrônica sem apresentar qualquer prova de fraude.

“Quando eu parto para defender eleição, quando se estava contestando eleição, a manchete que vem é Arthur não vai pautar o impeachment. Isso não pode ser via de regra. Daí a possibilidade, que hoje, inclusive, foi muito bem aceita, da discussão de se votar um semipresidencialismo já para 2026, como forma de se estabilizar mais o processo político dentro do Congresso Nacional”, disse.

Lira disse ainda que fala diariamente por telefone com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. O presidente da Corte sugeriu a realização de uma reunião entre os chefes dos poderes nesta semana e, de acordo com Lira, isso deve ocorrer amanhã, às 9h. “Isso é normal, importante e salutar. É conversando que as coisas se adaptam”, completou.