Brasil acelera vacinação e supera média de 1 milhão de doses ao dia

Junho teve aumento de 57,9% das doses aplicadas em comparação a maio, mas entregas ainda baixas em julho podem ameaçar ritmo

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

Quase seis meses depois do início da vacinação contra Covid-19, o Brasil acelerou a campanha na metade final de junho e agora chegou à meta estabelecida pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de um milhão de doses aplicadas por dia, o que se repetiu 18 vezes no mês passado.

O período também registrou a primeira vez em que mais de duas milhões de pessoas foram vacinadas em 24 horas, o que aconteceu no dia 17 de junho, com 2.259.621 doses nesse intervalo. Ao todo, junho teve a aplicação de 32.501.815 de doses, aumento de 57,9% em relação ao total aplicado em maio.

O aumento, visto nos dados oficiais do Ministério da Saúde a partir de 15 de junho, ocorreu junto com a queda do número de mortes e casos por Covid-19, observada também no mês de junho. A tendência da vacinação e pandemia, porém, ainda pode mudar para pior em julho.

Especialistas temem chegada da variante Delta do novo coronavírus, que já registra transmissão comunitária no país, e o baixo número de vacinados com a segunda dose como as principais razões.

“Alguns estados dos EUA, por exemplo, tinham coberturas até maiores que a nossa de segunda dose a acabaram tendo aumento súbito de casos em função da variante Delta”, frisa o epidemiologista e professor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Guilherme Werneck.

“Não dá para saber se a Delta vai se espalhar no Brasil porque nesses outros países não há prevalência da variante Gamma [P1], mas a gente realmente está vulnerável a um aumento do número de casos e óbitos”, completa, alertando para os altos níveis de transmissão da Covid, que podem propiciar novas variantes ainda mais transmissíveis do que as já existentes.

Contra a Delta, a antecipação dessa segunda dose já é estudada em estados com transmissão comunitária, mas esbarra na falta de vacinas para a população em geral.

Entregas não prometem em julho
O país ainda pode ter que se desdobrar para manter o ritmo com número praticamente igual de vacinas entregues ao do mês passado. Neste mês, o cronograma do Ministério da Saúde prevê a chegada de 40.435.120 de doses, somadas as remessas da Pfizer, Astrazenca, CoronaVac. No mês passado, 39.967.810 vacinas foram entregues.

Além disso, as doses ainda dependem da disponibilidade de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) para a produção. Todas as quatro entregas previstas no cronograma, que chegarão do Instituto Butantan, Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Covax Facility e Pfizer, são sublinhadas pelo cronograma do governo como “pendentes de confirmação” dos laboratórios por esse mesmo problema.