A CPI da Covid vai ouvir nesta sexta-feira (9) o servidor do Ministério da Saúde Willian Amorim Santana sobre a compra da vacina Covaxin. Ele é técnico da divisão de Importação do ministério e já teve o nome citado em depoimentos na comissão.
A Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, é a vacina mais cara entre as negociadas pelo governo federal. O contrato de R$ 1,6 bilhão para 20 milhões de doses é investigado pela comissão e pelo MPF (Ministério Público Federal) por supostas irregularidades. A compra foi suspensa pelo governo em junho.
A convocação de Willian Amorim Santana acontece a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “O convocado é servidor do Ministério da Saúde e, nessa condição, tem conhecimento de informações relevantes sobre esse contrato, daí a importância do depoimento”, destacou Randolfe em seu requerimento.
Willian Santana teve o nome citado na CPI pela fiscal de contratos da pasta Regina Célia Oliveira na terça-feira (6). Ele teria sido o responsável por avisar à Precisa – representante da Bharat Biotech no Brasil – que as invoices (faturas para negociações internacionais) estavam com irregularidades.
A testemunha é subordinada a Luis Ricardo Miranda, que já depôs à comissão e disse que sofreu “pressão anormal” de superiores para aprovação rápida da importação da Covaxin.
Luis Ricardo Miranda contou também aos senadores que, na análise das invoices, foram encontradas informações diferentes daquelas do texto original do contrato. Entre elas estavam: pedido de pagamento antecipado, a quantidade de doses menor que a negociada e a indicação de uma empresa intermediária, a Madison Biotech, com sede em Cingapura. Por isso, foi solicitada a correção dessas discrepâncias, e apenas parte delas foram sanadas, segundo o relato.
A comissão previa enviar alguns senadores ao Rio de Janeiro para ouvirem, em reunião reservada, o ex-governador Wilson Witzel. Em depoimento à comissão, no dia 16 de junho, ele disse aos senadores ter “fatos graves” a relatar. O comando da comissão decidiu, no entanto, priorizar a linha de investigação sobre a compra da Covaxin.