O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta quinta-feira que enviou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que ele confirme ou negue denúncias do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), feitas à comissão em 25 de junho.
O deputado e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação no Departamento de Logística do Ministério da Saúde, dizem ter levado suspeitas sobre a compra da vacina indiana Covaxin ao presidente da República após “pressões anormais” pela importação do imunizante.
Trata-se da vacina mais cara entre as negociadas pelo governo federal. O contrato de R$ 1,6 bilhão é investigado pela comissão e pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostas irregularidades. A reunião foi realizada em 20 de março, segundo Miranda. Em junho, a compra foi suspensa pelo governo.
Aziz falou da carta após o presidente Jair Bolsonaro criticá-lo em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Um dia após o presidente da CPI determinar a prisão do ex-servidor do Ministério da Saúde Roberto Dias, Bolsonaro disse que Omar Aziz desviou R$ 260 milhões no Amazonas. A afirmação baseia-se na investigação do Ministério Público na operação “Maus Caminhos”, deflagrada em 2016 para apurar desvios na área da Saúde no estado do Norte. O parlamentar é um dos suspeitos de participar do esquema, mas nunca chegou a ser condenado.
O presidente da CPI respondeu às críticas e afirmou que desafia Bolsonaro a apontar um processo em que seja réu ou investigado. Afirmou ainda que, com o ofício, não está fazendo pré-julgamento, mas sim procurando esclarecer as denúncias de Miranda. “Senhor presidente, chefe da nação, por favor, diga que o deputado é um mentiroso. Diga que ele está mentindo”, disse.
Aziz disse ainda: “Não é o senhor que vai parar essa CPI. Lhe acuso de ser contra a ciência, lhe acuso de não querer fazer propaganda da vacinação, lhe acuso de tentar desqualificar vacinas que salvam vidas. Me acusa de algo que nunca cometi”, afirmou.
Denúncia
Na denúncia, o deputado Luis Miranda afirmou que Bolsonaro disse que a negociação era “coisa” do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara e ex-ministro da Saúde. Barros nega ter participado de qualquer conversa envolvendo a compra da Covaxin.
A CPI investiga se, mesmo ciente de possíveis irregularidades, Bolsonaro prevaricou e deixou o contrato ser executado normalmente.