O presidente Jair Bolsonaro deixou claro que a prioridade da presidência brasileira do Mercosul, que se estende pelos próximos seis meses, vai ser perseguir a flexibilização de regras do bloco. Nesta quinta-feira, em cerimônia que marcou a passagem da presidência pro-tempore do Mercosul da Argentina para o Brasil, Bolsonaro reclamou dos últimos seis meses e disse que o período em que os argentinos ficaram na presidência do bloco “deixou de corresponder às expectativas e necessidade de modernização do Mercosul”. O revezamento na presidência, entre os governos dos quatro integrantes do bloco, ocorre a cada seis meses.
“Deveríamos ter apresentado resultados concretos na flexibilização de acordos com parceiros externos e na redução da Tarifa Externa Comum TEC”, afirmou.
Os líderes dos países do Mercosul se reúnem nesta quinta-feira, de forma virtual, sob embates internos e forte pressão externa. Enquanto Brasil e Uruguai defendem a redução da TEC e a possibilidade de negociação de acordos com países externos ao bloco bilateralmente, a Argentina é fortemente contra.
Bolsonaro deixou claro a posição do Brasil e disse querer avançar nesses dois temas até o fim do ano. “Precisamos lançar novas negociações e concluir os acordos comerciais pendentes, ao mesmo tempo que trabalhamos para reduzir tarifas e eliminar outros entraves ao fluxo comercial entre nós e o mundo em geral”.
Ato falho
Bolsonaro abriu a transmissão com um ato falho falando da “pandemia brasileira”, quando se referia à presidência brasileira do bloco. Na fala, o presidente disse que o governo está empenhado em garantir “rápida recuperação da economia neste momento de imunização em massa”.
“Não podemos deixar que o Mercosul continue a ser visto como sinônimo de ineficiência, desperdício de oportunidades e restrições comerciais”, completou.
O presidente brasileiro criticou o uso da regra de consenso como instrumento de veto e disse que isso consolidar “sentimento de ceticismo e dúvida quanto ao verdadeiro potencial dinamizador do Mercosul”.
Pelas regras do Mercosul, qualquer mudança no bloco deve ser feita em consenso entre os quatro países, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Antes de Bolsonaro, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, chegou a dizer que o consenso é a “coluna vertebral” do Mercosul.
“O Brasil não vai parar nos esforços para modernizar sua economia e sociedade. Queremos que nosso sócios sejam companheiros em caminhada para prosperidade comum”, rebateu Bolsonaro. “O Mercosul nasceu de compromisso claro com a liberdade, democracia e abertura para o mundo. Serão esses os princípios orientadores da presidência brasileira ao longo desse semestre”.
O clima de embate entre os presidentes do Brasil e da Argentina, demonstrado nesta quinta, apenas enfatiza a falta de ânimo entre os membros do Mercosul. Desde ontem, durante reuniões preparatórias, o clima “azedou”. Principalmente depois que o Uruguai anunciou que pretende partir em busca de novos parceiros fora do bloco.
*Com informações da Agência Estado