Fiocruz diz que lotes vencidos não foram produzidos pela instituição

Segundo fundação, vacinas que teriam sido aplicadas após vencimento são de remessa do Instituto Serum, da Índia

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que lotes de vacinas da AstraZeneca que teriam sido aplicadas fora da validade não foram produzidos pela instituição. Levantamento mostra que 1.532 municípios utilizaram imunizantes expirados. Ministério da Saúde nega envolvimento.

“Parte dos lotes (com numeração inicial 4120Z) é referente aos quantitativos importados prontos do Instituto Serum, da Índia, chamada de Covishield, e entregues pela Fiocruz ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde, em janeiro e fevereiro deste ano”, esclarece a fundação em nota

Os demais lotes apontados, segundo a Fiocruz, foram fornecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS). A organização ainda não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.

“Todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o MS, de modo a viabilizar a antecipação da implementação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, diante da situação de pandemia”, diz o texto da nota.

A Fiocruz também informa que está apoiando o PNI na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo Programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida.

Qualidade

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também publicou nota para explicar que não participa da logística de aplicação de imunizantes. “A agência atua na avaliação da qualidade, segurança e eficácia das vacinas e das condições de fabricação das empresas envolvidas na produção tanto do insumo farmacêutico ativo quanto do produto acabado”, disse em nota.

Segundo a agência, o dados avaliados, dentre eles o estudo de estabilidade, em condições controladas de temperatura e umidade, definem o prazo de validade e condições de armazenamento do produto, impactando na logística de distribuição.

A agência informou que não recebeu pedido de análise sobre a ampliação do prazo de validade da vacina da AstraZeneca ou foi consultada sobre a aplicação do produto fora do prazo definido em bula.

“Os dados de qualidade, segurança e eficácia avaliados pela Anvisa se referem ao produto dentro de sua validade aprovada. Vacinas com prazo de validade expirado não têm garantias de eficácia e segurança”, conclui a nota.