Ministério da Saúde confirma 1ª morte pela variante Delta da Covid

Óbito ocorreu no fim de abril, mas só foi relatado nesta sexta-feira. Há outros 11 casos detectados da cepa indiana no Brasil

Foto: Divulgação /NIAID-RML / R7

Identificada pela primeira vez na Índia, a variante Delta do novo coronavírus preocupa especialistas e avança por todo o planeta. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa circula por 92 países. No Brasil, o Ministério da Saúde informou que, até o momento, 11 casos já foram detectados, com a confirmação de uma morte.

O óbito aconteceu em fim de abril, mas só foi divulgado nesta sexta-feira. Apenas a Região Norte continua sem incidência da variante.

Os primeiros registros da cepa no País foram confirmados em maio entre os tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, que atracou em São Luís (MA). No momento, seis dos 11 casos listados pela pasta federal são de tripulantes da embarcação.

Há ainda dois casos de Apucarana (Paraná), e ocorrências isoladas nos municípios de Campos dos Goytacazes (Rio), Juiz de Fora (Minas) e Goiânia (Goiás). O primeiro caso da Delta no Paraná foi anunciado no início do mês. Uma idosa de 71 anos, que apresentou sintomas, foi hospitalizada e sobreviveu.

O segundo caso confirmado no Estado foi de uma mulher que tinha 42 anos, que acabou morrendo. Ela apresentou sintomas dois dias após chegar ao Brasil. Oito dias depois, foi internada. O quadro piorou e, no terceiro dia de hospitalização, morreu após uma cesária de emergência no dia 18 de abril, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde.

O recém-nascido prematuro testou negativo para Covid-19 e se encontra saudável, após dois meses internado. A Secretaria de Saúde do Paraná não considera que há transmissão comunitária da Delta na região e aguarda a análise de outras amostras também enviadas para o programa de vigilância realizado em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Goiânia, por outro lado, é a única cidade do País a constatar transmissão comunitária da cepa. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o caso da variante Delta foi detectado em um estudo feito em parceria com a Universidade Federal de Goiás, que testou 62 pessoas. A cepa foi identificada em uma jovem com sintomas leves e sem histórico de viagem.

O município informou que outros casos de Covid-19 foram confirmados após uma busca ativa da Vigilância Sanitária em contatos próximos dela. Apesar disso, como essas pessoas não eram participantes do estudo, não é possível afirmar que também sejam infecções pela Delta.

Tanto no primeiro positivo registrado no Paraná quanto no caso de Goiás, os pacientes não eram considerados suspeitos de infecção pela variante e foram localizados de maneira aleatória por estudos locais de monitoramento genômico. Mas o diretor da Fiocruz São Paulo, Rodrigo Stabeli, também consultor da OMS para genômica, considera que o monitoramento ainda é “ruim”.

De acordo com o especialista, apesar de ser um dos líderes da prática na América Latina, o Brasil ainda está longe de outros lugares no que se refere a essa atividade. “Fazemos menos de 1% do que os Estados Unidos fazem, por exemplo.”

Essa ausência de dados acarreta em lacunas de informação. “Nós podemos ter essa variante já circulando. Por isso, precisamos incentivar a vacinação e também o uso de máscaras. A máscara previne qualquer variante, seja Gama, Delta ou Alfa”, explica.