Ricardo Barros foi parlamentar citado por Bolsonaro, confirma Miranda à CPI

Líder do governo teria sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro como alguém possivelmente envolvido no esquema suspeito da compra da Covaxin

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), foi ministro da Saúde na gestão Temer | Foto: Michel Jesus / Câmara dos Deputados / Divulgação / CP

Após ser pressionado por horas pelos senadores da CPI da Covid, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) acabou admitindo, na noite desta sexta-feira, que o parlamentar citado pelo presidente Jair Bolsonaro como alguém possivelmente envolvido no esquema suspeito da compra da Covaxin é o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR).

Miranda ainda deu mais detalhes de como Bolsonaro reagido ao relato levado por ele e o irmão, Luis Ricardo, em reunião ocorrida em 20 de março. Para o deputado, o presidente sinalizou estar “amarrado” e sem “força de combater” o problema. “O que eu percebi, sem querer proteger, o presidente demonstrou atenção ao que estávamos falando. Ele cita para mim assim: ‘Você sabe quem é, né? Que ali é f*, se eu mexo nisso aí, já viu a m* que vai dar. Isso é fulano, vocês sabem que é fulano né?'”, relatou Miranda.

“(Deu a entender) que nesse grupo específico não tinha a força de combater. Ele fala o nome, mas não tem certeza também. Fala assim: ‘Deve ser coisa de fulano (palavrão), mais uma vez… Vou acionar o DG da PF para investigar’. Não foi uma ação de conivência, foi de ‘Estou amarrado'”, disse Miranda.

Líder do governo

Antes de Miranda reconhecer, o nome de Barros já tinha vindo à tona pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues. Ele afirmou que a fiscal do Ministério da Saúde que deu aval ao procedimento de importação da Covaxin foi nomeada por Barros quando ele era ministro da Saúde, ainda durante o governo Michel Temer.

No centro das apurações sobre o processo de aquisição da vacina indiana, o empresário Francisco Emerson Maximiano atua no setor farmacêutico há mais de uma década. Considerado próximo de Barros, Maximiano é dono de empresas que tiveram contratos contestados por órgãos de investigação em gestões do MDB e do PT, além de uma série de processos judiciais de cobranças de dívidas.

Global

A Global já teve contratos com o governo federal. Enquanto Ricardo Barros era ministro da Saúde, a empresa vendeu, mas não entregou, remédios de alto custo ao ministério, um prejuízo estimado em R$ 20 milhões aos cofres públicos. O Ministério Público Federal move uma ação contra a empresa e, contando os danos coletivos, cobra R$ 119 milhões da Global na Justiça.