Bolsonaro nega que Miranda tenha avisado sobre corrupção em compra de vacinas

Presidente reafirmou que pediu investigação da PF contra o deputado

Foto: Marcos Corrêa / PR / Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, durante a live semanal em redes sociais, que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) não o avisou sobre qualquer corrupção na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin contra a Covid-19. Ele voltou a rebater as acusações e reafirmou que pediu investigação da Polícia Federal contra o deputado por denunciação caluniosa. Bolsonaro ainda confirmou que se encontrou com o deputado no dia 20 de março, mas não deu detalhes sobre a conversa.

“Foi uma coisa que aconteceu, ele não falou nada de corrupção em andamento. Tem nada, tem nada. Passaram quatro, cinco meses, depois que ele conversou comigo – conversou sim, não vou negar isso aí – e não aconteceu nada”, afirmou o presidente.

A versão contradiz o parlamentar, que garante ter avisado Bolsonaro no mesmo dia sobre o favorecimento a empresas e superfaturamento na compra de R$ 1,6 bilhão da vacina. Ele relata ter sido informado pelo irmão, o servidor do Ministério da Saúde Ricardo Miranda, que afirmou ao Ministério Público Federal (MPF) ter sido pressionado de forma atípica para agilizar as negociações.

A Covaxin foi o imunizante com o maior preço por dose negociado pelo governo até agora mas, após meses de tentativas, ainda não conseguiu a aprovação ampla da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Miranda e o irmão darão depoimento nesta sexta-feira à CPI da Covid, que mudou o foco depois da crise revelada pelas denúncias da dupla e a abertura de investigação pelo MPF da compra.

Mais cedo, governistas disseram que presidente levou denúncia a Pazuello

No início da tarde, senadores governistas da CPI da Covid informaram que Bolsonaro repassou ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, as informações sobre possíveis irregularidades no contrato da compra da Covaxin.

Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO) falaram à imprensa ao deixarem reunião com o ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral da Presidência) no Palácio do Planalto, em Brasília. Essa versão, porém, também conflita com a trazida pelo presidente, na noite desta quinta.

“O presidente da República determinou, quando soube, entre diversos assuntos que esse deputado (Luis Miranda) foi tratar, o presidente falou para o ministro Pazuello verificar. Como não tinha nada de errado, a coisa continuou”, afirmou Mello.

“Todas as perícias e encaminhamentos, o próprio governo já encaminhou para todas as esferas de poder”, completou o senador governista.