Na CPI, Calheiros se recusa a questionar médicos favoráveis ao “tratamento precoce”

Relator da comissão do Senado disse que não tinha o que perguntar aos profissionais

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), recusou-se a fazer perguntas aos dois médicos que estão nesta sexta-feira (18) na comissão do Senado. Eles são defensores do suposto “tratamento precoce” contra a Covid-19. “Não tenho nada para perguntar”, afirmou Renan após ser questionado pelo senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), autor da convocação dos dois médicos.

Após sua fala, Renan Calheiros deixou a mesa da CPI ao lado do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Os senadores governistas reclamaram imediatamente do comportamento do emedebista. Marcos Rogério (DEM-RO) pediu para o presidente Omar Aziz (PSD-AM) escolher outra pessoa para ocupar a relatoria.

“Estou com vergonha do que estou assistindo aqui nesse momento, do papelão que fez o relator”, disse Marcos Rogério, que chamou o ato de covardia. “Ouvi outros dois que eram contra [o tratamento precoce] e questionei. Eu tenho interesse pela vida. Tenho interesse em saber se o fique em casa mata ou salva, se o tratamento precoce mata ou salva”, completou.

Marcos Rogério e Eduardo Girão (Podemos-CE) reclamaram que na sessão da semana passada, na qual foram ouvidos a microbiologista Natalia Pasternak e o médico sanitarista Claudio Maierovitch, não ocorreu reação similar. “Ouvir os dois lados é um gesto de grandeza e humildade de todos”, disse Marcos Rogério.

Jorginho Mello (PL-SC) afirmou que o relator não poderia virar as costas para “dois médicos que vieram prestar esclarecimentos”. Girão. sugeriu a divisão do tempo de Renan Calheiros a todos os senadores presentes, mas Aziz prontamente negou a solicitação.

Os dois depoentes de hoje são Ricardo Ariel Zimerman, ex-presidente da Associação Gaúcha de Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, e Francisco Eduardo Cardoso Alves, especialista em infectologia pelo Instituto Emílio Ribas e diretor-vice-presidente da ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social).