CPI: ‘Covid já é principal justificativa para auxílio-doença’, salienta médico

Francisco Cardoso Alves, defensor do tratamento precoce, é vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O médico Francisco Eduardo Cardoso Alves, vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANM), afirmou nesta sexta-feira à CPI da Covid que as infecções pelo novo coronavírus já são a principal justificativa para pedidos de auxílio-doença, benefício pago pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

A sessão desta sexta começou com o discurso do relator Renan Calheiros (MDB-AL) contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, e com a recusa do parlamentar em fazer perguntas aos dois depoentes, defensores do tratamento precoce contra a Covid.

Em uma sessão esvaziada, Cardoso Alves afirmou que pessoas que não recebem nenhum tipo de tratamento no início da doença sofrem mais para se recuperar da doença. “Esse paciente tem o risco aumentado de morte-súbita por evento trombótico nos seis meses pós-alta muito maior do que a população em geral”, comentou.

Segundo ele, quem obtém acesso tardio ao tratamento também pode evoluir mais facilmente para a chamada Síndrome Pós-Covid. Ele citou, como sintomas desse mal, fadiga, falta de ar, depressão, transtorno de ansiedade, problemas cardíacos e “quedas absurdas de cabelo”.

“Isso tudo tem causado uma grande inabilitação da população economicamente ativa. Eu, como perito médico federal, constato que neste ano a Covid-19 ultrapassou as outras doenças como causa de afastamento por auxílio-doença no país.”

“E não é por Covid aguda, não”, destacou. “É por esses pacientes que estão cronicamente sequelados pela Covid, seja pela gravidade da infecção que o atingiu ou pela falta de tratamento.”

Além de Cardoso Alves, a comissão recebeu também Ricardo Ariel Zimerman, ex-presidente da Associação Gaúcha de Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar. Zimerman acrescentou que muitas pessoas recuperadas da Covid-19 passaram a conviver com problemas como déficit de atenção, narcolepsia (doença do sono) e quadros graves de infecção no organismo.