Covid-19: cuidados devem ser mantidos após vacinação completa, dizem especialistas

Mesmo recebendo as duas doses, as pessoas ainda podem se infectadas ou transmitir o coronavírus para outras pessoas

Foto: Fabiano do Amaral/Correio do Povo

O Rio Grande do Sul completou nesta sexta-feira 151 dias de campanha de vacinação contra a Covid-19. Com apenas 14,6% dos gaúchos vacinados, a “imunidade de rebanho”, a ponto de refletir drasticamente na redução da taxa de transmissão ainda está longe. Até lá, especialistas e autoridades recomendam a quem já completou o esquema de imunização, com as duas doses, que siga se cuidando, porque a pessoa ainda está sujeita a se infectar, embora possa contrair a doença com sintomas leves ou até mesmo permanecer assintomático, mas também pode contaminar alguém que ainda não foi vacinado, colocando em risco a vida desta pessoa.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a média móvel de casos de Covid-19 caiu 59% em um mês. No dia 16 de maio era de 3.295 e na quinta-feira em 1.337. Contudo, os óbitos pela doença têm reduzido em um ritmo menor. No mesmo período, a média móvel caiu 3,29%, passando de 91 para 88 mortes.

Este dado significa que um número maior de pessoas não está mais relatando sintomas, mas as contaminações ainda permanecem, porque muitos ainda seguem morrendo pela doença. Corrobora com este fenômeno, a taxa de ocupação de leitos de UTI, que se mantém no mesmo patamar há um mês em Porto Alegre, por exemplo. Nesta sexta-feira, está em 85,29% e no dia 16 de maio era de 84,08%.

“Existe um ponto importante: a vacina não impede que se tenha uma infecção. Tendo uma infecção, a pessoa pode transmitir. As vacinas têm diversas eficácias nos estudos. As de RNA mensageiro, tiveram uma eficácia de 95%, o que quer dizer que mil pessoas que se infectaram tomaram placebo e 50 que se infectaram, tomaram a vacina. Todas as vacinas têm eficácia praticamente de 100% para a forma grave, mas menor para a doença leve ou até assintomática, como é o caso da Coronavac, que é de 50% para esta forma”, lembra o coordenador da Comissão de Controle de Infecção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, médico infectologista Rodrigo Pires.

Pires afirma que só será seguro acabar com medidas de cuidado quando houver redução de casos e óbitos só depois que grande parte da população estiver vacinada. “A decisão de tirar a máscara tem que respeitar algumas condições, além de uma taxa de vacinação alta na população, a gente tem que ter uma taxa de transmissão baixa. Estas condições, a gente está vendo acontecer em países desenvolvidos, com vacinação já avançada”, observa o infectologista. Segundo o médico, se estes parâmetros forem ignorados agora, ainda haverá “espaço para novas cepas e infecção de pessoas que ainda não foram vacinadas”.

A diretora adjunta da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernanda Fernandes, também reforça os requisitos para o relaxamento das medidas. “A gente não tem ainda um percentual de vacinados na cidade que permita acabar com o uso da máscara. Enquanto não atingirmos um bom percentual da população vacinada, estaremos sujeitos a surtos e focos da Covid-19″, acrescenta.

A secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, destaca que enquanto a “imunidade de rebanho” não for alcançada por meio da vacinação, não há garantia de que as pessoas vacinadas não possam ser vetores da doença.

“Mesmo se a imunização de toda a população já tivesse atingido a cobertura ideal, a máscara ainda seria necessária, a exemplo do cinto de segurança nos veículos, que já incorporamos ao nosso dia a dia. O uso da máscara precisa ser rotineiro, como forma de proteção individual e do próximo. É uma atitude empática, de cuidado com a saúde de todos. Seu uso em todos os ambientes é um instrumento fundamental para superarmos a Covid-19”, recomenda Arita.