Para Hamilton Mourão, máscara para quem se vacinou é questão de foro íntimo

Vice-presidente evitou polêmica com Bolsonaro, que quer estudo para desobrigar uso da proteção

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Evitando entrar em polêmica com Jair Bolsonaro, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira (11) que o uso de máscara para quem já recebeu as duas doses de vacina contra a Covid-19 é uma questão de foro íntimo.

Ontem, Bolsonaro anunciou, durante evento, que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai emitir parecer para desobrigar o uso de máscara por aqueles que foram vacinados ou já contaminados pela Covid-19. A medida contraria protocolos médicos, que recomendam a proteção contra o risco de reinfecção e escape das vacinas que estes grupos ainda correm.

“Única coisa que eu sei é que nos Estados Unidos, todos aqueles que receberam as duas doses de vacina tiveram o uso de máscara liberado”, afirmou Mourão nesta manhã, em Brasília. “Acho que é uma questão de foro íntimo de cada um. Conheço gente que já teve duas vezes [contaminação pelo coronavírus], cada sabe onde lhe aperta os calos”.

Questionado se abriria mão da proteção em público, Mourão, que já foi acometido pela Covid-19 e vacinado, respondeu que sim. “Em alguns tiraria, em outros, nem tanto. Lugar aberto, acho que se você for fazer uma corrida de máscara, sozinha, é até prejudicial. Em lugar fechado, com outras pessoas, principalmente pessoas que não conheço, usaria.”

A fala de Bolsonaro, ontem, se deu após o presidente lembrar de matérias jornalísticas que apontam de forma recorrente os momentos em que ele não usa máscara, principalmente durante visitas a municípios. “Ele [Queiroga] vai ultimar parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados para tirar essa (…) esse símbolo, que obviamente tem a sua utilidade para quem está infectado”, disse.

A recomendação de especialistas, porém, é de manter o uso da máscara tanto para os já recuperados da covid como para aqueles que foram totalmente imunizados com as vacinas. Entre os motivos, está o fato de que variantes do coronavírus têm maior potencial de escapar de anticorpos naturais ou produzidos em resposta a vacinas.

Além disso, nenhuma vacina tem 100% de eficácia contra a Covid-19, o que possibilita que até os imunizados adoeçam e transmitam a doença a familiares e amigos.