O ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, coronel Antônio Elcio Franco, afirmou nesta quarta-feira, à CPI da Covid, que o governo não tinha como comprar lotes da Coronavac em 2020 porque a vacina ainda permanecia em estudos da fase 3.
“A fase 3 de estudos clínicos também é considerada um cemitério de vacinas, porque pode haver o insucesso no desenvolvimento. Então o acompanhamento constante do desenvolvimento ocorria por parte do ministério justamente por essa dúvida sobre essa fase”, explicou. “A incerteza em relação às vacinas é muito grande”, acrescentou o ex-secretário-executivo.
Franco citou ainda que problemas na legislação brasileira, sanados com uma alteração aprovada pelo Congresso Nacional em janeiro de 2021, não permitiam, até então, a aquisição de imunizantes sem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Avisos ao Butantan
Segundo o número 2 do general Eduardo Pazuello, durante a gestão à frente da pasta, ele avisou ao Butantan algumas vezes que não era possível comparar a situação da Coronavac com o investimento em solução tecnológica feito pelo governo federal com a Fiocruz para a produção do imunizante no Brasil.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, na mesma CPI, reclamou que o governo federal investiu R$ 1,9 bilhão na vacina AstraZeneca, produzida pela Fiocruz, mas não pôs um centavo nas pesquisas da Coronavac, talvez por ter sido desenvolvida por um laboratório da China, a Sinovac.
Questionado se houve interrupção das conversas com o Butantan após o presidente Jair Bolsonaro declarar em outubro de 2020 que não tinha intenção de comprar a vacina da China, Elcio Franco negou.
O ex-secretário disse que Dimas Covas e equipe tinham o celular ele, podendo ligar a qualquer momento. Elcio Franco falou que a orientação do ministro Pazuello e do presidente da República, Jair Bolsonaro, sempre foi a de compra do maior número de vacinas possível, dentro do que permitia a legislação.