Uma manifestação, na manhã desta terça-feira, em Porto Alegre, reuniu cerca duas centenas de veículos de motoristas de aplicativo, que protestaram pedindo reajuste da tarifa paga pela Uber e pela 99. Segundo a categoria, as plataformas nunca reajustaram os valores, e ainda reduziram, ao longo do tempo, de R$ 1,45 para R$ 0,90 a remuneração por quilômetro rodado. O ato iniciou no Largo Zumbi dos Palmares, passou em frente ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-4) e terminou em frente ao escritório da Uber, na avenida Carlos Gomes.
“Pedimos reajuste para a Uber e a 99Pop, que estão no RS há seis anos e nunca reajustaram o valor. Só baixaram. Pedimos ainda para retirar o Uber Promo e o 99 Poupa, que são valores promocionais pagando 40 centavos por quilômetro rodado para o motorista. Nos sentimos explorados pelas plataformas e queremos que eles façam um reajuste”, defende a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte por Aplicativos do Rio Grande do Sul (Sintrapli-RS), Carina Trindade. Os motoristas pedem um reajuste de 42% no valor.
A entidade organizou o ato para esta terça-feira, porque também era o dia em que se encerra o prazo, no TRT-4, para que a Uber siga ou se retire das negociações mediadas pelo tribunal para resolver a questão. “Também pedimos para a Cabify uma indenização para os motoristas que trabalhavam na plataforma. Mas a empresa não fez nenhuma proposta, até porque ela está se retirando do país”, lembra Carina. A carreata passou pelas avenidas Ipiranga e Salvador França.
Em nota, a Uber sustenta que os parceiros da empresa que dirigiram entre 40 e 50 horas por semana na cidade de Porto Alegre receberam, em média, R$ 1.240 por semana, mas que há “muitas variáveis” que interferem nesses ganhos. “Por exemplo, como os parceiros da Uber são livres pra decidir em quais dias e horários dirigir, quem dirige em dias e horários de maior movimento tem uma maior chance de ganhos por causa do preço dinâmico”, pondera a companhia. A empresa ainda alega que “é importante lembrar que o cálculo dos ganhos dos parceiros da Uber não leva em consideração apenas as estimativas de distância e de tempo.
“Também são levados em consideração o preço-base, a distância entre o motorista e o usuário e o preço dinâmico (quando há)”, pontua. A empresa assegura que “o sistema de preço dinâmico que está sendo testado em Porto Alegre há duas semanas foi criado para não ter nenhum impacto nos ganhos dos motoristas parceiros da Uber”. Ao final do documento, a Uber reitera que auxilia os parceiros em custos bancários e telecomunicações por meio da Uber Conta e do a Uber Chip, além de ter firmado parceria com a bandeira de postos Ipiranga para cashback na compra de combustível.
A 99 esclarece “que está aberta ao diálogo e prioriza a melhoria contínua dos ganhos dos motoristas parceiros”. A empresa lembra que vem viabilizando parcerias e condições especiais nos preços dos combustíveis, manutenção de carros e locações com agências para reduzir os gastos dos parceiros, como desconto de 10% nos postos Shell em todo o Brasil. Sobre o valor das tarifas, “a 99 busca o equilíbrio entre a oferta e demanda” para viabilizar o transporte de quem que precisa “sair de casa neste momento”.
A Cabify, que está encerrando neste mês as operações no Brasil, não atendeu ao contato realizado pela reportagem.