O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que tomou conhecimento da existência do ‘gabinete do ódio’, organização voltada a atacar oponentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Moro disse que havia comentários correntes de pessoas de dentro do governo da existência do gabinete do ódio e que diversos funcionários do governo federal faziam relatos sobre a organização, mas que não discutia o assunto enquanto ministro.
As informações foram dadas em depoimento realizado em 12 de novembro de 2020, no âmbito do inquérito que apura os atos antidemocráticos e teve o sigilo retirado da investigação, nesta segunda-feira, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública negou que teve informação específica sobre ato organizado por funcionários do governo contra o STF ou o Congresso Nacional, e que o conhecimento sobre o assunto vinha de notícias veiculadas na imprensa.
Moro reconheceu que havia uma animosidade entre Bolsonaro e o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que este último sofria ataques via redes sociais, mas não soube dizer se eram feitos por funcionários do Palácio do Planalto.
O ex-ministro entregou o cargo no dia 24 de abril de 2020. A saída ocorreu após Bolsonaro exonerar o chefe da PF, Maurício Valeixo, braço-direito e homem de confiança do ex-juiz da Lava Jato. Na ocasião, Moro acusou o titular do Executivo de interferência política.
O ex-ministro disse que, após a saída do governo federal, sofreu ataques em redes sociais e que esses ataques eram oriundos do ‘gabinete do ódio’. Questionado sobre possíveis nomes que podem integrar a estrutura, o ex-ministro da Justiça afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro e o assessor Tercio Arnaud “eram normalmente relacionados”. Além disso, mencionou que a participação dos dois homens era confirmada por ministros ligados ao Palácio.