Observatório Covid-19 alerta para alta mortalidade materna no país

Boletim divulgado pela Fiocruz aponta que gestantes e puérperas vêm despontando como um grupo de grande preocupação

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O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira, constatou tendência de crescimento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 12 estados, além do Distrito Federal, no período de 23 a 29 de maio. Todas as regiões apresentaram indicadores preocupantes, principalmente os estados da região Sul e Centro-Oeste. Cerca de 96% dos casos de SRAG envolvem o novo coronavírus.

A mortalidade materna pela Covid-19 é outro destaque da edição. As gestantes e puérperas, mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias, vêm despontando como um grupo de grande preocupação, diante da evolução da morte materna a níveis extremamente elevados, conforme a Fiocruz. O Brasil figura com o maior número de óbitos e uma assustadora taxa de letalidade, de 7,2%, mais que o dobro da atual taxa geral de letalidade pela Covid no país, que é de 2,8%.

Um estudo sobre a pandemia nas Américas, publicado em maio de 2021 pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), verificou que entre janeiro e abril deste ano houve um aumento relevante de casos em gestantes e puérperas, e de óbitos maternos pela Covid-19 em 12 países.

Formas graves

Os especialistas alertaram ainda que as gestantes podem evoluir para formas graves da Covid-19, com descompensação respiratória. Em especial, aquelas com 32 a 33 semanas de gestação. Em muitos casos, há necessidade de antecipar o parto.

Esse quadro aumenta a preocupação em relação à disponibilidade de leitos de UTI adulto para essas mulheres e de leitos de UTI neonatal para os recém-nascidos, que podem ser inclusive prematuros e, assim como as mães, precisarem de cuidado especializado e imediato.

Número de mortes

De acordo como Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), os óbitos maternos em 2021 já superaram o número notificado em 2020. No ano de 2020, foram 544 óbitos em gestantes e puérperas pela Covid-19 no país, com média semanal de 12,1 óbitos, considerando que a pandemia se estendeu por 45 semanas epidemiológicas nesse ano. Até 26 de maio de 2021, transcorridas 20 semanas epidemiológicas, foram registrados 911 óbitos, com média semanal de 47,9, denotando um aumento preocupante.

O Observatório Covid-19 Fiocruz chama a atenção que, diante da proximidade do inverno, o atual cenário da pandemia pode se exacerbar, com o surgimento de casos mais graves de Covid-19 e maior ocorrência de outras doenças respiratórias, que também exigem leitos hospitalares.

Casos entre jovens

Os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz confirmaram, também, uma mudança no perfil demográfico da pandemia, que vem registrando um aumento expressivo de casos, internações e óbitos nas gerações mais jovens.

No cenário atual da pandemia, todos os estados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste, e a maior parte da região Sudeste (com exceção do Espírito Santo) tiveram, na semana analisada, ocupação de leitos de UTI em níveis críticos, superior aos 80%, ou mesmo maior.

Considerando que as taxas de ocupação de leitos UTI constituem a “ponta do iceberg” e que o Brasil ainda não alcançou uma queda sustentada de casos e óbitos, os pesquisadores advertem para o fato de que o país está diante de um momento crítico, com riscos reais de agravamento da pandemia nas próximas semanas.