O Brasil terminou o mês de maio com uma média de 524,8 mil doses de vacinas contra Covid-19 aplicadas diariamente (16,27 milhões, no total), conforme dados do Ministério da Saúde. É praticamente a metade do patamar desejado pelo titular da pasta, Marcelo Queiroga.
Neste ritmo, cálculos feitos pelo R7 apontam que o país levaria 353 dias para administrar os 185,1 milhões de doses necessárias para imunizar os 92,5 milhões de cidadãos que ainda não receberam a segunda injeção ou nenhuma das duas.
O Ministério da Saúde afirma que 160 milhões de brasileiros são vacináveis, já que até o momento menores de 18 anos não têm recomendação de sererem imunizados contra a covid-19.
Até terça-feira (1º), 67,4 milhões de doses haviam sido aplicadas, segundo a plataforma Localiza SUS, sendo 45,3 milhões de pessoas (28,35%) que tomaram somente a primeira dose e 22,1 milhões (13,81%) com o esquema vacinal completo.
Porém, se levado em conta apenas o grupo prioritário, que tem cerca de 78,3 milhões de pessoas, 58% já tomaram pelo menos uma dose. Outros 28% receberam as duas doses.
A diferença significativa entre o número de imunizados com uma dose ou duas se deve basicamente ao intervalo de 12 semanas usado para as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer.
Portanto, indivíduos que estão recebendo a primeira injeção agora só tomarão a segunda em setembro. A CoronaVac é aplicada com uma diferença de até 28 dias.
Para concluir a vacinação do grupo prioritário, o país precisa aplicar mais 89 milhões de doses, o que seria atingido daqui a cerca de 75 dias (na metade de agosto), se o país conseguisse a média de 1,2 milhão de doses aplicadas diariamente.
Cabe ressaltar, no entanto, que localidades que esgotarem as prioridades podem já iniciar a vacinação do público geral, inclusive simultaneamente com a aplicação da segunda dose no público-alvo.
A projeção teria o prazo encurtado com o uso da vacina de dose única da Johnson & Johnson — o Ministério da Saúde encomendou 38 milhões de doses, mas com entrega prevista somente para dezembro.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a falar no último fim de semana que pretende vacinar contra a covid-19 todos os brasileiros até o fim deste ano. Para conseguir atingir a meta de 160 milhões de adultos que podem ser imunizados, a média de doses aplicadas por dia até 31 de dezembro teria que ser de 1,2 milhão, patamar acima do que tem sido observado recentemente.
O grande desafio do país continua sendo o fornecimento de vacinas, afirma a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues.
“Acredito que enquanto não houver regularidade das entregas das vacinas é muito difícil fazer projeções. Tanto Bio-Manguinhos [Fiocruz] quanto o Butantan estão com atrasos no recebimento do IFA [ingrediente farmacêutico ativo], e a Pfizer ainda está entregando pequenas quantidades.”
O Ministério da Saúde já enviou às unidades da federação 96,9 milhões de doses de imunizantes, sendo que 90,4 milhões já foram entregues e 6,5 milhões estão em processo de distribuição.
Queiroga chegou a dizer em 11 de maio que o Brasil tem capacidade para aplicar 2,4 milhões de doses por dia, mas admitiu a inviabilidade uma semana depois.
As cerca de 38 mil salas de vacinação do país têm condições de vacinar 1 milhão de pessoas por dia, segundo Carla Domingues. Aumentar esse ritmo envolveria, na avaliação dela, a mobilização de infraestrutura adicional.
“O que vimos até hoje em outras campanhas foi a vacinação de 1 milhão de pessoas por dia. Possivelmente com as estruturas de drive-thru e vacinação em ginásios, apoio das forças armadas e estudantes de medicina e enfermagem, este quantitativo pode aumentar. Mas o quanto [poderia aumentar], é especulação. Isso tem que ser levantado com cada estado, para avaliar a capacidade máxima de cada um. O Brasil é um país continental, com estruturas diferentes em cada estado.”