A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, a abertura de uma investigação contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o senador Telmário Mota (PROS/RR). A Polícia Federal (PF) sustentou, em notícia-crime, que ambos tentaram atrapalhar a investigação de madeireiros enquadrados na maior apreensão de madeira ilegal da história da corporação.
A petição da PGR, assinada pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, também pede o depoimento do presidente do Ibama, suspeito pelos crimes de facilitação de contrabando e advocacia administrativa, e dos agentes da Polícia Federal que participaram da apreensão recorde, em 2020.
Salles e o senador Telmário Mota foram alvo de notícia-crime enviada ao Supremo, no mês passado. No documento, o delegado Alexandre Saraiva apontou indícios de três crimes cometidos pelos políticos: dificultar fiscalização de questões ambientais; patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública; e integrar a suposta organização criminosa atingida pela operação. Salles e o senador rebatem as acusações.
Nas 38 páginas do documento, Saraiva também defendeu a legalidade da operação e citou diversas críticas públicas e ações do ministro Salles contra a apreensão.
Pouco mais de um mês depois, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizou operação Akuanduba, da PF, para cumprir 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e nos estados de São Paulo e Pará. Entre os alvos da ação, estiveram três endereços ligados a Salles.
Junto a outros 17 servidores do Ibama, o ministro teve também quebrados os sigilos fiscal e bancário. A investigação mirou funcionários da administração pública acusados de facilitar a exportação ilegal de madeira e visa apurar crimes contra a administração pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por servidores e empresários do ramo madeireiro.