A vacinação completa contra a Covid-19 para 75% de uma população pode controlar a pandemia, afirmou o governador João Doria (PSDB) em coletiva de imprensa no Instituto Butantan, em São Paulo, nesta segunda-feira. As mortes em decorrência do novo coronavírus caíram 95%, na cidade de Serrana (SP) onde aconteceu o Projeto S.
A cidade, localizada a 315 km de São Paulo e cuja população estimada é de 45.644 habitantes, se tornou palco do experimento do Instituto Butantan, que contou com a participação de 27.150 pessoas, todas imunizadas com as duas doses da CoronaVac. A iniciativa do Butantan de vacinar a população adulta de Serrana (SP) com o imunizante teve como objetivo estudar a transmissão do vírus, o comportamento do sistema de saúde, a reação da economia e até a aceitação da população em receber o fármaco que previne a doença.
Além disso, os dados indicaram redução de 80% nos casos sintomáticos da doença e de 86% nas internações hospitalares. “Medir de forma controlada o efeito da vacinação não havia sido feito em nenhum lugar do mundo”, destacou Dimas Covas, diretor do Butantan.
Segundo o instituto, o experimento dividiu a cidade em 25 pequenas áreas. A vacinação dessas populações ocorreu de forma escalonada e os resultados foram comparados entre si e com dados de outras cidades da microrregião.
“Serrana se transformou em um laboratório clínico”, disse o diretor do Butantan, que destacou que os fenômenos não aconteceram de forma aleatória, mas se repetiram nos quatro grupos estudados em momentos diferentes.
De acordo com Ricardo Palacios, diretor de pesquisa clínica do Butantan, o estudo confirmou também a proteção de pessoas não imunizadas, como crianças e adolescentes. “A redução de casos em pessoas que não receberam a vacina indica a queda da circulação do vírus. Isso reforça a vacinação como uma medida de saúde pública, e não somente individual.”
No total, foram registrados 67 eventos adversos graves, mas que, segundo o governo, não foram relacionados à imunização. Na primeira dose, houve 4,4% de relatos de reações adversas, com apenas 0,02% consideradas de grau 3, como milagia e cefaleia. Já na segunda dose, o número de relatos de reações adversas caiu para 0,2%, nenhuma delas considerada de grau 3 ou superior.