O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, voltou a defender punição ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por ter participado de ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, no domingo passsado. Integrantes das Forças Armadas são proibidos de participar de atos políticos e, segundo Mourão, que é general da reserva do Exército, qualquer outro entendimento nesse caso pode instaurar uma “anarquia” nas instituições.
“A regra tem que ser aplicada para evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças, porque assim como tem gente simpática ao governo, tem gente que não é. Então, cada um tem que permanecer na linha que as Forças Armadas têm que adotar. As Forças Armadas são apartidárias. O partido das Forças Armadas é o Brasil”, afirmou o vice-presidente.
Por ser general da ativa do Exército, Pazuello não pode participar de manifestações políticas sem autorização dos superiores. Com isso, a aparição no ato de domingo configura infração disciplinar. Na ocasião, ele subiu ao palanque e discursou ao lado do presidente. Nem ele nem as outras autoridades presentes no carro de som usaram máscaras em meio à pandemia de coronavírus.
Questionado sobre a tese de que Bolsonaro, comandante supremo das Forças Armadas por ser presidente da República, está acima do chefe do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, Mourão afirmou que no Exército “não funciona assim”. “Isso aí é um entendimento meio canhestro da coisa. Não funciona assim. O Exército vai seguir os trâmites previstos no regulamento e, se o comandante chegar à conclusão de que precisa aplicar a punição ao Pazuello, ele vai aplicar”, prosseguiu.
Nesta semana, a corporação abriu processo contra Pazuello. O prazo para que o general apresente defesa já começou a valer. O ex-ministro recebeu a ficha de apuração de transgressão disciplinar e vai ter de explicar por que participou de ato político em apoio ao presidente Bolsonaro.
Salles
Sobre a ausência do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ontem, em reunião do Conselho Nacional da Amazônia, do qual Mourão é coordenador, o vice-presidente disse necessitar da cooperação de todos os órgãos envolvidos para bater a meta de desmatamento na Floresta.
“Não, não sei a situação que o ministro está vivendo de ordem policial, né? Então, não sei”, afirmou. “A gente precisa ter a cooperação de todos, né? Se não há, fica complicado. Mas eu nunca deixei de fazer nada que me foi determinado. Então, vamos tocar”, complementou, a respeito da importância da principal pasta no conselho.
Em discurso ontem, Mourão afirmou lamentar profundamente o fato de o ministro não ter participado do encontro do colegiado, em meio a críticas dentro e fora do país de falta de empenho do Brasil em combater o desmatamento na região amazônica.
“Nós precisamos de cooperação, foi o que conversei com os ministérios aqui presentes. Lamento profundamente a ausência do ministério mais importante e que não compareceu à reunião hoje nem não mandou representante, que é o Ministério do Meio Ambiente, lamento profundamente”, disse Mourão. “Não comparecer e nem dar qualquer tipo de desculpa. Considero isso como falta de educação.”
Salles é suspeito de envolvimento em esquema de corrupção para exportação ilegal de madeira. Na semana passada, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca em endereços ligados ao titular da pasta. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes autorizou a ação.