O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitou nesta quinta-feira, na CPI da Covid do Senado, posicionar-se sobre temas polêmicos envolvendo a atuação do governo e do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. Pressionado sobre a ideia de um possível decreto contra as medidas de restrição de circulação impostas por estados e municípios, ideia que Bolsonaro ventilou nessa quarta-feira, o ministro afirmou que a proposta não é dele e que vai trabalhar para evitar medidas extremas neste momento. “Nós vamos trabalhar para evitar medidas extremas como essas, de fechamento das cidades”, limitou-se a dizer.
Bolsonaro afirmou que o eventual decreto deve se basear na Constituição, sem dar maiores detalhes. O STF já decidiu que estados e municípios também são competentes para medidas restritivas, o que significa que duas decisões sobre a quarentena não podem ser revogadas pelo governo federal.
O ministro Marcelo Queiroga também afirmou, nesta quinta, que “fazer juízo de valor acerca do que o presidente fala não é competência do ministro da Saúde”. Ele se manifestou nesse sentido quando questionado sobre se as falas do presidente podem ter impacto sobre a vacinação.
Queiroga também evitou comentar a recusa pelo governo federal da compra de 70 milhões de doses de vacinas da Pfizer, após oferta do laboratório em agosto do ano passado. O ministro afirmou que está no cargo há 40 dias e que não pode avaliar se houve erro na condução do tema. A previsão do laboratório era iniciar a entrega das primeiras doses já em dezembro. Como a compra não ocorreu no ano passado, as primeiras remessas só chegaram no fim de abril.
Gestão anterior
Queiroga também evitou apontar falhas na gestão de Eduardo Pazuello. Segundo o atual ministro, ele encontrou o sistema de logística montado adequadamente, o que permitiu a entrega com agilidade dos kits intubação e das vacinas. Também desconversou ao falar sobre a entrega de testes em gestões anteriores.
O atual ministro afirmou ainda que o alto número de mortos por Covid-19 ocorreu por falta de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Queiroga afirmou que todos os países do mundo vêm sofrendo para enfrentar a pandemia. E citou que o sistema de saúde inglês e italiano tiveram muita dificuldade para enfrentar o novo coronavírus.
Neste momento, o relator da CPI, Renan Calheiros, interpelou o ministro: “Não dá para comparar, porque nenhum desses países tratou a doença como gripezinha.”
O ministro citou que mais de 77 milhões de vacinas já foram distribuídas para o país, o que coloca o Brasil, em termos absolutos, na quinta posição mundial.