“Não é papel da prefeitura de Porto Alegre ter uma empresa pública de ônibus. O nosso papel é ter saúde e segurança pública. A Carris é uma empresa de 149 anos que custa 21% mais do que qualquer consórcio privado da cidade. Nos últimos dez anos, foram aportados mais de R$ 500 milhões para transportar apenas 22,8% dos passageiros da cidade”, disse, nessa quarta-feira, o prefeito Sebastião Melo. As declarações foram feitas durante a assembleia geral virtual da Companhia Carris Porto-Alegrense. Ele confirmou que, em 30 dias, encaminha um pedido de autorização para alienar a estatal.
De acordo com Melo, a privatização da empresa é necessária para que a prefeitura destine o equivalente, em recursos, a creches, operação tapa buraco, poda de árvore e questão social. “Esse dinheiro que é do Caixa Único vai servir para outras atividades e para melhorar a vida da cidade e das pessoas”, acrescentou.
Conforme o prefeito, não há outro caminho que não seja a privatização da empresa. No mês de março, quando participou da reunião do Tá na Mesa da Federasul, o prefeito falou que a alternativa para a Carris é buscar a privatização. A proposta vai depender do projeto que o Executivo municipal vai encaminhar à Câmara de Vereadores.
A Carris transporta cerca 22% dos passageiros de Porto Alegre e opera as chamadas linhas transversais, fazendo longos trajetos pela cidade. O passivo trabalhista da empresa, segundo a prefeitura, é de aproximadamente R$ 18 milhões e o custo do quilômetro rodado é mais caro que o de consórcios da iniciativa privada.
Na gestão do ex-prefeito Nelson Marchezan Jr., uma auditoria apresentou soluções em termos de saneamento das contas, com a manutenção da Carris sob a gestão pública e, eventualmente, transferindo o controle. Na gestão do secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, um novo estudo sobre a empresa pública está em andamento.
A liquidação da Carris pode resultar, ainda, na venda do terreno localizado na rua Albion, no bairro Partenon, na zona Leste de Porto Alegre, cujo valor estimado é de R$ 36 milhões. Jà o valor da frota está em avaliação. A Carris ainda paga os 98 novos carros adquiridos no governo do ex-prefeito Marchezan.
As linhas da companhia, em caso de liquidação, terão de ser licitadas para as empresas privadas da Capital. O projeto de privatização já vem sendo pré-elaborado pela secretária municipal de Parcerias Estratégicas, Ana Pellini, e pelo secretário Luiz Fernando Záchia.
A Carris é responsável pelo atendimento de cerca de 23% dos passageiros de transporte coletivo da Capital, o que totaliza 141 mil pessoas transportadas diariamente. As 24 linhas operadas pela empresa percorrem 52 mil quilômetros, em 2,7 mil viagens.