Moraes prorroga por mais 90 dias inquérito que envolve Moro e Bolsonaro

Procuradoria-Geral da República pediu investigações após as acusações contra o presidente, feitas pelo ex-ministro da Justiça

Declarações do presidente ocorreram em transmissão pela internet realizada no dia 22 de outubro | Foto: Nelson Jr. / SCO / STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu prorrogar por mais 90 dias o inquérito que investiga a suposta tentativa de interferência indevida do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu as investigações, após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro fazer as acusações.

“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, a partir do encerramento do julgamento do agravo regimental iniciado pelo Plenário em 08/10/2020, bem como a proximidade do recesso, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, contados a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de abril), o presente inquérito”, determinou Moraes. As informações foram apuradas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Até agora, o plenário do Supremo não decidiu como deve ser o depoimento de Bolsonaro – se presencial ou por escrito. O caso chegou a ser agendado para 24 de fevereiro, mas acabou não sendo julgado.

Em novembro do ano passado, a Advocacia-Geral da União (AGU) mudou de posição e informou à Corte que o presidente havia desistido de se explicar às autoridades. Na avaliação de Alexandre de Moraes, no entanto, o investigado não pode deixar de ser submetido ao interrogatório policial, ainda que decida permanecer em silêncio. O ministro defendeu que a Constituição Federal não prevê o ‘direito de recusa prévia’ ao investigado ou réu. O entendimento contraria manifestação do procurador-geral da República, Augusto Aras, favorável ao direito do presidente de desistir do interrogatório.

No julgamento em questão, iniciado em outubro do ano passado, apenas o ministro aposentado Celso de Mello, que conduziu o inquérito como relator até se aposentadar, chegou a apresentar o voto. Na manifestação, ele defendeu a posição de uma oitiva presencial para o presidente da República e do envio de perguntas pelo ex-ministro Sérgio Moro, pivô das investigações.

A investigação, aberta no fim de abril de 2020, começou a partir de informações apresentadas por Moro, que deixou o governo acusando o presidente de substituir nomeados em cargos estratégicos da Polícia Federal para blindar familiares e aliados de investigações.

O depoimento de Bolsonaro é a última etapa pendente para a conclusão dos trabalhos dos investigadores.