Mais de 16 mil tomaram vacinas diferentes contra a Covid-19 no país, aponta Ministério

Troca de fabricantes entre a 1ª e a 2ª dose é considerada erro de imunização; gestores dizem que erro se limita ao registro dos dados

Foto: Guilherme Almeida/CP

Um levantamento divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, com base em dados do Data Sus, revelou que pode passar de 16,5 mil o número de pessoas no país que receberam vacinas de fabricantes diferentes entre a primeira e a segunda dose da imunização contra a Covid-19.

Na maioria dos casos, os pacientes receberam inicialmente a vacina Astrazeneca/Oxford e, depois, a Coronavac. Porém, a determinação da pasta é que o paciente receba as duas doses do mesmo fabricante. A troca é considerada pelos médicos como um erro de imunização.

A cidade de Santo André, na Grande São Paulo, aparece como a primeira colocada entre as que mais apresentaram falhas dessa natureza. No entanto, a prefeitura andreense justificou que a falha ocorreu na transmissão de dados.

Já a coordenadora-geral do Programa Estadual de Vacinação de São Paulo, Regiane de Paula, avaliou que na maioria dos casos, ocorreu mesmo um erro de registro. “Esse erro de registro ja foi corrigido. Inclusive na plataforma VaciVida nós já revisamos e não tinha sido informado ao Ministério, porque quando percebemos isso, já tinham sido imputados os dados ao Ministério da Saúde”, rebateu.

Diferenças entre os imunizantes

As vacinas preveem intervalos diferentes de aplicação das doses. No caso da Coronavac, são 28 dias. Já para a Astrazeneca/Oxford, são estabelecidos três meses para a imunização completa.

A tecnologia usada no processo de fabricação também não é a mesma. A Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, usa o vírus inativo. Já a Astrazeneca/Oxford, de responsabilidade da Fiocruz, utiliza outro vírus para carregar informações genéticas do novo coronavírus e estimular o sistema imunológico.

Ainda não há estudos que apontem as consequências em quem toma uma dose de cada imunizante. Os médicos entendem que essa pessoa não está imunizada. E, por isso, vai ter de tomar uma terceira dose de vacina, de um dos fabricantes.

“O correto é [que] essas pessoas que receberam vacina de outro laboratório, que elas recebam a vacina do primeiro laboratório. O ideal, talvez, seja esperar em torno de duas semanas pra fazer a aplicação da vacina correta, do primeiro laboratório, como recebeu anteriormente”, explicou o infectologista Marcelo Otsuka.

O que disse o Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde informou que a base de dados do SUS é alimentada por informações das secretarias estaduais de Saúde. A pasta disse ter sido notificada sobre 481 ocorrências de trocas de fabricantes e reforçou também que cabe aos estados e municípios o acompanhamento de possíveis reações adversas em um prazo de 30 dias.