Mourão sobre pressão em Salles: ‘Ele não é o vilão da história’

Vice-presidente defendeu ministro do Meio Ambiente e disse não ter sido chamado por Bolsonaro para participar da Cúpula do Clima

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que sofre pressão de organizações ambientais, artistas e políticos de oposição para deixar o cargo.

“[Sobre o] ministro Ricardo Salles, eu já me referi várias vezes. Ele tem um trabalho aí que realiza, ele sofre muitas pressões, o presidente tem a confiança nele, acho que tudo faz parte do jogo político. Acho que, no final das contas, ele está colocado como vilão da história. Ele não é o vilão da história”, opinou o general da reserva do Exército.

O Brasil sofre pressões internas e externas sobre a política ambiental e contra o ministro, principalmente na internet. Os movimentos ambientais pedem que os EUA não repassem recursos ao Brasil se o país não se comprometer com a questão climática.

Os protestos ganharam força nesta quarta-feira (22), um dia antes da primeira sessão da Cúpula de Líderes sobre o Clima. Salles acompanha o presidente Jair Bolsonaro, que vai discursar. Já Mourão não foi convidado pelo presidente para participar do evento virtual organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e conta com a participação de 40 países.

“Se o presidente tivesse julgado a minha participação, ele tinha pedido. Não julgou necessário”, disse Mourão. “Procuro fazer meu trabalho, independente do que vai acontecer do que deixa de acontecer, procurando fazer a coisa certa.”

Conforme Mourão, Bolsonaro vai reafirmar o compromisso brasileiro com a preservação do meio ambiente. “Pela questão da sustentabilidade, com a questão aí do clima. Em particular, renovando nossa visão em relação à Amazônia. São aqueles cinco pilares: operações de comando e controle, da regularização fundiária, do zoneamento econômico ecológico, do pagamento por serviços ambientais e do investimento em projetos de bioeconomia que gerem emprego e renda para população sem que a floresta seja maculada.”

Ainda sobre o evento, Mourão afirmou que se trata de uma tentativa de os EUA recuperarem “seu protagonismo na arena internacional utilizando um tema que é extremamente caro e sensível para humanidade nesse momento”.

“Eu vejo que se aproveita uma data significativa, que é o 22 de Abril, dia da terra, que para nós também é um dia que Cabral aqui aportou.  Um evento que vai ter esses discursos, feito de uma forma virtual… Essas discussões tem que ir na área técnica e, principalmente, a diplomacia tem que entrar em campo. A diplomacia atua por meio de metas, de processos, de uma linguagem própria e com apoio da área técnica. Para que se chegue às propostas que sejam exequíveis por todos os países e que atinja os objetivos para gente manter a vida na Terra da forma que nós conhecemos.”