No primeiro encontro virtual, os potenciais futuros candidatos à presidência da República defenderam a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado assumidamente como instrumento político contra o governo do presidente Bolsonaro. Ciro Gomes e Fernando Haddad admitiram que são “céticos” quanto aos resultados da investigação, mas a consideram instrumento importante de pressão sobre o Planalto.
“O que eu vejo hoje é que pouco importa o resultado desta CPI”, declarou o pré-candidato do PDT. “Se a gente abre estes lócus, da CPI da pandemia, o nível de irresponsabilidade dele [Bolsonaro] tende a diminuir drasticamente, porque você tem um lugar onde você aprova um requerimento imediatamente”, afirma Ciro Gomes, para quem, a investigação deve funcionar como uma “espada de Dâmocles” sobre a cabeça do presidente Bolsonaro.
Para o petista Fernando Haddad, a CPI “pode, sim, e deve ser usada para constranger o governo”. “Temos 4 vezes mais óbitos proporcionalmente do que a média mundial. Isso não é aceitável”, asseverou o ex-prefeito de São Paulo. “Nós temos, sim, condição de constranger o governo a tomar medidas para socorrer a população”, declarou.
Os dois governadores presentes no evento promovido pela Brazil Conference se apressaram em declarar que não temem a ampliação da investigação, como defendem os aliados do governo no âmbito da comissão. “Quem tem de temer a pandemia é o negacionista Jair Bolsonaro e seus ministros que não compraram a vacina, compraram cloroquina”, declarou o governador de São Paulo, João Doria.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ressaltou que o estado utilizou os recursos federais para triplicar o número de leitos de UTI. “O presidente acredita que os governadores fazem conluio, ao adotar o distanciamento social para desestabilizá-lo ou inviabilizar sua reeleição”, declarou o tucano. “É um absurdo que só pode ser explicado pela psicanálise”.
Para o apresentador de TV, Luciano Huck, que também participou do evento, a CPI “é a democracia brasileira mostrando sua força” e vai apurar uma “gestão temerária da questão sanitária no Brasil”.