O Ministério da Saúde estuda ampliar a recomendação atual sobre vacinação de grávidas contra Covid-19 para sugerir que todas as gestantes recebam a vacina. Foi o que disse nesta sexta-feira o secretário de Atenção Primária da pasta, Raphael Câmara Medeiros Parente. A recomendação em vigor, feita em março, em linha com o que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS), sugere que as grávidas com fatores de risco, como comorbidades, sejam vacinadas contra a doença.
Em nota técnica, o Ministério da Saúde citou como comorbidades, por exemplo, diabetes, hipertensão arterial crônica, obesidade e doença cardiovascular. A recomendação é que essas grávidas sejam vacinadas de acordo com os grupos prioritários estabelecidos no calendário do Plano Nacional de Imunização (PNI).
“Nós já estamos em tratativas avançadas, mas é importante lembrar que a gestação é por definição um período trombótico. Nós temos que ter muito cuidado porque algumas vacinas, mesmo que de forma muito rara, estão mostrando alguns efeitos colaterais neste sentido e a gente sabe que, com grávida, além de se preocupar com a grávida, temos que nos preocupar com o bebê também.”, disse Raphael Câmara.
Na Europa foram registrados alguns casos de coágulos sanguíneos raros em algumas poucas pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19. Nos Estados Unidos, também foram relatados casos de coágulos raros também em uma pequena quantidade de pessoas que receberam a vacina da Johnson & Johnson.
A OMS recomenda que, embora existam poucos dados sobre a segurança das vacinas para gestantes, as grávidas com comorbidades ou alta exposição ao coronavírus, como as profissionais de saúde, sejam vacinadas após consulta com especialista em saúde.
Projeto no Senado coloca gestantes entre o público a ser priorizado
Tramita no Senado um projeto de lei, de autoria da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) incluindo as grávidas e puérperas (mulheres que recém deram à luz) entre as prioridades na vacinação contra a Covid-19. De acordo com o projeto, gestantes e puérperas devem ser vacinadas após o grupo de pessoas com mais de 65 anos de idade.
Bebês imunizados contra a Covid
Estudos divulgados nos últimos dias nos Estados Unidos apontaram que, após imunizadas com vacinas contra a Covid-19, mulheres produzem leite com anticorpos contra o novo coronavírus. Uma das pesquisas acompanhou 131 mulheres em idade reprodutiva, entre elas gestantes e lactantes, que receberam as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech ou da Moderna. O monitoramento apontou a presença de anticorpos no sangue do cordão umbilical e no leite materno das participantes.
Já um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis também encontrou anticorpos contra o vírus e detectou que eles apareceriam duas semanas após a primeira dose da vacina, permanecendo por, ao menos, 80 dias – tempo que a pesquisa durou.
Os pesquisadores sugerem que existe a possibilidade de os anticorpos passarem, por meio da amamentação, para os bebês, conferindo algum tipo de proteção. Revisado por pares, o estudo analisou uma pequena população, de apenas cinco mães, que foram imunizadas com a vacina da Pfizer/BioNTech, e com filhos entre um mês e 2 anos.
Mais recente, uma pesquisa israelense divulgada pelo periódico científico Jama, na última segunda-feira, apontou a presença dos anticorpos específicos para o Sars-CoV-2 em um grupo de 84 mulheres que forneceram 504 amostras de leite materno ao longo do estudo, que durou de 20 de dezembro de 2020 a 15 de janeiro deste ano.
As amostras foram colhidas antes da administração da vacina da Pfizer/BioNTech e, duas semanas após a imunização, passaram a ser colhidas semanalmente pelo prazo de seis semanas.