O presidente da Corsan, Roberto Barbuti, afirmou nesta quinta-feira que a transferência do controle acionário da Corsan à iniciativa privada, anunciada pelo governador Eduardo Leite, prevê a abertura de uma capitalização no valor de R$ 1 bilhão à Companhia. Ele destacou que o Estado deixa de ser o controlador da empresa, para se tornar o acionista de referência.
“Haverá uma diminuição do controle do governo na Corsan. O Estado passará a ter um percentual estimado em 30%. Com isso teremos uma empresa capitalizada e com entrada de recursos, como uma sociedade de economista mista”, afirmou Barbuti, que ressaltou que a privatização não vai impactar num aumento de tarifa para os consumidores. “As mudanças tarifárias são definidas por agências reguladoras, com base em critérios técnicos”, explicou ele, durante apresentação na Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs).
O diretor-presidente da Corsan informou, ainda, que o objetivo da companhia é ajustar os contratos às exigências do novo marco legal do saneamento, que determina a universalização dos serviços de água e esgoto até o ano de 2033. Ele destacou que o volume estimado de investimentos necessário para a empresa atender as metas do novo marco é de R$ 10 bilhões. “As questões sanitárias afloram com um grau muito mais relevante nesta pandemia. O grande motivador é a aceleração do plano de entrega. Antes de ocorrer a operação de privatização, prevista para outubro deste ano, queremos atender às metas contratuais com os municípios”, revelou Roberto Barbuti.
Ele lembrou também, que com a escassez das fontes de recursos públicos, a Corsan procura alternativas para captar recursos – como a recente emissão de debêntures, que injetou R$ 600 milhões no caixa da empresa. “A composição acionária da Corsan pode mudar, mas os compromissos estabelecidos continuarão existindo”, enfatizou Barbuti.
Ainda durante a videoconferência da Sociedade de Engenharia do RS, Roberto Barbuti afirmou que a desestatização deve ampliar a capacidade de investimento da Corsan, além de gerar empregos, preservar o meio ambiente, incentivar à tecnologia e à inovação, garantir a sustentabilidade, segurança hídrica, saúde, inclusão social e proporcionar um melhor atendimento à população. “Queremos abrir o capital para crescer cada vez mais e diminuir as restrições impostas por uma gestão estatal”, ressaltou o diretor-presidente. Ele também lembrou que a privatização vai exigir rigor no cumprimento das metas de universalização e qualidade, e “maior velocidade de investimentos e comprovação da capacidade econômico-financeira”.
Durante a reunião virtual, Barbuti destacou que a Companhia soma cerca de R$ 200 milhões em dívidas trabalhistas por ano e um passivo previdenciário de R$ 677 milhões. “É difícil uma empresa se sustentar com esse tipo de situação. Com a desestatização, a nova Corsan passa a contar com uma projeção de futuro de maior eficiência”, ressaltou.
“A água e o saneamento básico são temas de grande relevância para a sociedade e terão sempre espaço em nossos debates”, afirmou o presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, Luís Roberto Andrade Ponte, que conduziu a videoconferência.