Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apontou que 103.149 crianças e adolescentes, com idade entre o nascimento e 19 anos, foram vítimas fatais de agressões no Brasil, no intervalo de uma década. Os dados, divulgados pela SBP nesta quarta-feira, correspondem ao período entre 2010 e agosto de 2020.
Conforme os números apontados pela entidade, 90.511 (90,65%) vítimas tinham entre 15 e 19 anos, o que corresponde a uma média de mais de 9 mil óbitos por ano. Na sequência aparece a faixa etária entre 10 e 14 anos, em que foram registradas 6.539 (6,33%) mortes no período em análise.
O levantamento aponta, ainda, que 2017 teve o maior número de óbitos. Morreram 11.502 (11,15%) crianças e adolescentes vítimas de agressão no país.
O estudo também analisou os motivos que levaram os jovens atacados a óbito. Em primeiro lugar aparece agressão por meio de disparo de arma de fogo ou de arma não especificada, com 76.528 ocorrências (74,19%). Já o segundo motivo apontado está relacionado a agressão por meio de objeto cortante ou penetrante, que refletiu em 10.066 (9,75%) assassinatos de crianças e adolescentes entre 2010 e agosto de 2020.
Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, junto aos acidentes, as agressões são a maior causa de morte a partir de um ano de idade e até aos 19. Elas são inseridas no Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) no Capítulo XX, de Causas externas de morbidade e mortalidade.
Conforme a presidente da entidade, Luciana Rodrigues Silva, estudos sugerem que o tratamento humilhante, os castigos físicos e qualquer conduta que ameace ou ridicularize a criança ou o adolescente, quando não letais, podem ser extremamente danosos à formação de personalidade e como indivíduos para a sociedade.
“Nascer e crescer em um ambiente sem violência é imprescindível para que uma criança tenha a garantia de uma vida saudável, tanto física quanto emocional”, destacou.