Mesmo com chegada de medicamentos, hospitais dizem ter dificuldade de manter pacientes sedados em UTIs do RS

Situação é considerada crítica em, ao menos, oito instituições

Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

O alto volume de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Rio Grande do Sul vem impondo dificuldades aos hospitais. Além do esgotamento das equipes de saúde, a falta dos principais medicamentos de sedação, que compõem o chamado kit intubação, coloca as instituições de saúde em alerta, desde o início de março, quando a pandemia se agravou ainda mais.

Atualmente, pelo menos oito casas de saúde, sendo sete do interior e uma do Vale do Sinos, vivem situação crítica devido a falta de insumos, mesmo com o Exército tendo distribuído a maior remessa de medicamentos para os hospitais na última terça-feira.

Na média, segundo as instituições, os estoques atuais são suficientes para até quatro dias. Esse cenário é vivido na Santa Casa de São Gabriel, na Associação de Caridade de Ijuí, na Fundação Hospitalar Santa Terezinha e no Hospital de Caridade, ambos de Erechim, no Hospital de Caridade de Carazinho, no Hospital Frei Clemente de Soledade, além do Hospital Nossa Senhora de Oliveira de Vacaria e do Hospital Centenário, em São Leopoldo.

O último, aliás, é o que registra a melhor situação, já que há expectativa de que os estoques de medicamentos sedativos durem por até dez dias. Um novo lote deve ser entregue pela fornecedora com a qual o hospital firmou um acordo ainda nesta semana.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Carlos Isaia Filho, relata que a entidade acompanha com preocupação o cenário e fala que não é o momento para improvisações.

“Entendemos que a falta de medicamentos começa a exigir maior preocupação dos profissionais médicos que estão na linha de frente, o que coloca em risco não só o pacientes, mas todo o trabalho profissional que é realizado. Neste momento de pandemia, não é a hora de improvisação de medicamentos em função do risco que isso oferece”, pontua o presidente.

Um dos pontos apontados pelas instituições para a dificuldade na obtenção dos medicamentos se dá por conta dos fornecedores, que não conseguem mais estabelecer prazo para entrega dos insumos ou sobem os preços de forma abusiva.

Por conta disso, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) precisou ser instalada, no último dia 30, na Assembleia Legislativa. A ideia é apurar denúncias dos aumentos exorbitantes nos preços de medicamentos e insumos utilizados no combate da Covid-19.

A reportagem entrou em contato com a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul e com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), mas até a publicação desta matéria não teve retorno.