O navio cargueiro Ever Given voltou a flutuar parcialmente nas primeiras horas da madrugada desta segunda-feira (29). O desencalhe ocorre quase uma semana após o supercargueiro de bandeira panamenha com 400 metros de comprimento encalhar bloqueando totalmente a passagem de uma das principais rotas de comércio marítimo do mundo.
Vídeos postados na internet por operários envolvidos na operação de desencalhe mostram que a popa, a parte traseira do navio, foi deslocada e está voltada para o canal. A situação da proa, ou a parte da frente da embarcação, ainda não foi confirmado. A Autoridade do Canal de Suez (SCA) ainda não confirmou oficialmente o desencalhe do navio.
Dragas, escavadeiras e rebocadores trabalham na operação para desencalhar o supercargueiro, mas a liberação total pode levar semanas, segundo o chefe de uma das equipes de resgate. O canal, responde pelo tráfego de 10% do comércio marítimo, permite que os navios encurtem a viagem entre a Europa ou a costa leste americana e a Ásia em milhares de quilômetros, economizando uma semana ou mais.
Os responsáveis pela SCA informaram que equipes internacionais trabalhavam ininterruptamente desde a última terça-feira (23), quando o superargueiro de bandeira panamenha encalhou. A operação de resgate para liberar a embarcação envolveu dezenas de homens, rebocadores e dragas.
As dragas escavaram e removeram mais de 27.000 metros cúbicos de areia e lama das margens do canal para que o porta-contêineres de 224.000 toneladas e 400 metros de comprimento fosse desecalhado. Segundo autoridades, uma maré alta prevista para a tarde deste domingo (28) acabou por facilitar os trabalhos de desencalhe do cargueiro.
Contudo, mesmo com a confirmação de que o Ever Given esteja parcialmente flutuando novamente, não ficou claro quando a hidrovia estaria aberta ao tráfego, ou quanto tempo levará para liberar o congestionamento formado por mais de 450 navios parados à espera de uma solução para o caso.
Custos e alternativas
O valor total das mercadorias bloqueadas ou que precisam adotar uma rota alternativa difere de acordo com as estimativas: de US$ 3 bilhões diários, segundo Jonathan Owens, especialista em logística da universidade britânica de Salford, até US$ 9,6 bilhões de acordo com a revista Lloyd’s List.
As autoridades do canal calculam que o Egito perde entre US$ 12 milhões e US$ 14 milhões por dia com o fechamento. Quase 19.000 navios usaram o canal em 2020, de acordo com informações da SCA.
À espera da retomada do tráfego, grandes empresas de transporte marítimo como Maersk e CMA CGM decidiram alterar a rota de seus navios para o Cabo da Boa Esperança, um desvio de 9.000 quilômetros e ao menos sete dias a mais de navegação.
Apesar de o incidente ter sido atribuído em um primeiro momento aos fortes ventos combinados com uma tempestade de areia, Rabie afirmou no sábado que uma possível “falha humana” foi um dos motivos do bloqueio.