A Venezuela inicia nesta segunda-feira uma “quarentena radical” para combater a nova onda de casos do novo coronavírus no país. A medida, anunciada pelo presidente Nicolás Maduro durante um pronunciamento na TV estatal nesse domingo, deve durar duas semanas. A determinação vem em um momento de piora da pandemia no país. Pela primeira vez desde outubro do ano passado, foram registrados mais de mil novos doentes na semana passada. De acordo com o bolivariano, a segunda onda no país está diretamente relacionada à variante brasileira da covid-19, já detectada no país.
“Estamos diante da presença de uma segunda onda, sem dúvida alguma. A partir de sexta, 16 de março, detectamos, já na Venezuela, uma segunda onda do coronavírus, que tem como causa fundamental a chegada da variante brasileira ao nosso país, sem dúvida alguma”, disse Maduro, confundido a data.
Ao se referir à variante brasileira, Maduro também aproveitou para criticar a resposta de Jair Bolsonaro à pandemia, chamando o presidente brasileiro de “irresponsável”. “É alarmante. Eu diria que está angustiante ver os relatos de São Paulo, do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, e a atitude irresponsável da direita trumpista brasileira. A atitude irresponsável de Jair Bolsonaro com o povo do Brasil”, afirmou.
E completou: “o Brasil se tornou a maior ameaça do mundo em relação à pandemia do novo coronavírus, assim já reconhecem os especialistas de todo o mundo. O Brasil é uma ameaça para o mundo hoje. Por culpa de quem? De Jair Bolsonaro. Que em meio ao colapso, em vez de pedir ajuda aos distintos setores – científicos, médicos, políticos – o que faz é confrontar para que o povo não faça quarentena, para que o povo não use máscara. Uma loucura, de verdade. Algo que não tem nome.”
De acordo com o balanço da pandemia apresentado por Maduro na TV estatal, a Venezuela tem uma taxa de 27 casos ativos de Covid-19 para cada 100 mil habitantes. Segundo os dados mais recentes da Universidade americana Johns Hopkins, o país confirmou 817 novos casos da doença no domingo, com 10 mortes.
Recomendações polêmicas
Apesar das críticas a Bolsonaro, Maduro e o presidente brasileiro já estiveram alinhados sobre a resposta a ser dada à pandemia. Em maio do ano passado, o esquerdista defendeu publicamente o uso de cloroquina – medicamento sem eficácia comprovada para a doença, também defendida por Bolsonaro – para pacientes com covid-19. Antes, em outra recomendação polêmica, o presidente da Venezuela incentivou o consumo de uma mistura de ervas com mel e limão como forma de combater uma eventual infecção de Covid-19.
*As informações são da Agência Estado.