Instituições que representam os servidores da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) emitiram, nesta sexta-feira, posicionamento oficial da categoria sobre a possibilidade de privatização da prestadora estadual de serviços. A nota começa com ressalvas ao comportamento do governador do Estado, Eduardo Leite. “Para eleger-se, comprometeu-se a não privatizar a Corsan e agora, com pretensões eleitorais nacionais, busca cacifar-se com o mercado financeiro entregando os bens de nosso estado. No Rio Grande, não se rompe a palavra empenhada. Muito menos em benefício próprio”, diz o texto.
Ao registrar que há a “falta vontade política do governo do Estado”, o grupo acredita que a companhia e seus funcionários possuem a “experiência, capacidade e corpo técnico e funcional” para atingir todas a metas do novo Marco Legal do Saneamento Básico. Os servidores também questionam que o intento da privatização aconteça em meio a pandemia, onde o saneamento básico e acesso a água tratada são essenciais ao combate do coronavírus. Na visão dos servidores “mudanças drásticas iriam “agregar ainda mais sofrimento e prejuízos a nosso povo, já que usualmente as empresas privatizadas aumentam as tarifas de forma expressiva”.
A nota também afirma que “os trabalhadores e trabalhadoras da Corsan são qualificados e treinados, prestando um serviço de alta qualidade há mais de 55 anos” e que a demissão desses só iria “engrossar ainda mais” as estatísticas de desemprego do país. As entidades voltaram a alegar então que “os principais prejudicados, porém, serão os pequenos municípios e as populações mais pobres, onde os investimentos públicos tratam e resolvem os problemas, já que por natureza não são rentáveis e uma empresa privada, naturalmente, privilegiará áreas e setores que lhe gerem lucros”.
A nota encerra afirmando que “a água é um bem público. O saneamento básico é o fundamento essencial da saúde. Deixar a água que consumimos e o fundamento de nossa saúde em mãos privadas, para gerar lucros a acionistas e não bem-estar à população é um crime de lesa-humanidade”.
Assinam o documento o SINDIÁGUA/RS, o Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do Rio Grande do Sul (SINTEC), o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS), o Sindicato dos Administradores, Associação dos Aposentados da Fundação Corsan (AAFCORSAN), a Associação dos Servidores da CORSAN (ASCORSAN), a Associação dos Gestores da Corsan (AGERCO), a Associação dos Técnico-Científicos da Corsan (ASTECOR), a Associação dos Técnicos Industrias da Corsan (ASTEC) e a Associação dos Engenheiros da Corsan (AECO).
Ontem, o governador Eduardo Leite apresentou proposta de venda 70% das ações da estatal na Bolsa. O governador justificou a necessidade em razão das mudanças Marco do Saneamento. Ele ressaltou que as metas de universalização – até 2033 – não poderão ser cumpridas pela companhia por falta de recursos.