Contrariando discurso de campanha, sindicato diz que privatização da Corsan era um movimento esperado

Presidente do Sindiágua/RS destaca que os serviços ficarão mais caros

Foto: Gabriela Pedroso/Arquivo Dmae/PMPA

Após o anúncio do início do processo de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pelo governador Eduardo Leite nesta quinta-feira, as entidades sindicais e associações de servidores do órgão se manifestaram contra a decisão do político.

O anúncio não gerou surpresa na categoria que já esperava pela tomada dessa decisão. “O governo Eduardo Leite faz exatamente aquilo que imaginávamos, que é optar pela privatização. O governo nunca quis preservar a empresa estadual de saneamento. Se essa fosse a intenção, teria dito aos deputados federais para votarem contra o novo Marco Legal do Saneamento Básico”, afirmou Arilson Wünsch, presidente do Sindiágua/RS, em entrevista à Rádio Guaíba. Durante a campanha, o então candidato Eduardo Leite havia se comprometido em preservar como estatais o Banrisul e a Corsan.

O presidente do sindicato cita o fato catalisador que gerou a mudança de posicionamento do gestor estadual, a apreciação do Congresso aos vetos presidenciais do novo Marco Legal do Saneamento Básico nesta quarta-feira (17). Apesar do apelo dos governadores, o presidente Jair Bolsonaro vetou o prolongamento dos contratos das companhias estaduais.

O Marco Legal, por sua vez, prevê a universalização dos serviços até o ano de 2033. Com isso, a estatal que atende 317 dos 497 municípios gaúchos teria 12 anos para atingir 99% de cobertura no tratamento de água e 90% no tratamento de esgoto. Segundo Leite, esses parâmetros demandam investimentos muito maiores do que a capacidade da Corsan – que, no ano passado, aportou o maior valor de sua história: R$ 417 milhões. Para que as novas metas sejam atendidas, o montante teria que ser triplicado em 2022, e mantido até que fossem injetados R$ 10 bilhões na companhia.

Entretanto, o presidente do Sindiágua destaca que os serviços, além de ficarem mais caros por causa da gestão privada, já que a tendência é de maior custo para a manutenção da operação, as empresas não vão atender toda a população gaúcha. “Haverá o interesse das empresas privadas em atender aos pequenos municípios, os menores aqui do Estado? O município do Três Cachoeiras vai fazer o quê? Ou nós imaginamos que uma empresa privada terá interesse em atender a localidade? Palmares, Mostardas e Tavares são outros exemplos”, destaca Wünsch.

Segundo dados do último censo do IBGE de 2016, os municípios citados pelo presidente da entidade sindical possuem 10.239, 11.330, 12.847 e 5.482 habitantes, respectivamente.