O 4º boletim genômico do coronavírus no Rio Grande do Sul, divulgado nesta terça-feira (16) pelo Governo do Estado, mostra que 20 linhagens do vírus estão em circulação no território gaúcho. Em transmissão ao vivo, especialistas do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) ressaltaram que a maior parte delas não preocupa quando analisadas as alterações de comportamento do vírus.
“As variantes vão dominando porque são mais rápidas. Se circulam mais rápido, também começam a gerar novas mutações mais rapidamente. O que nos preocupa atualmente é a P1, mas, categoricamente, a predominância nestes vírus que estão aqui não tem nenhuma relação com os pacientes que vieram do Norte do país para ser atendidos solidariamente no RS”, garante a diretora do Cevs, Cynthia Goulart Molina-Bastos.
O primeiro caso da linhagem P1 detectado no Rio Grande do Sul ocorreu em Gramado, no dia 14 de janeiro. Enquanto isso, os primeiros moradores de Rondônia atendidos em hospitais gaúchos desembarcaram em 27 de janeiro. Já a variante P2, que também se mostra predominante no momento, tem origem no Rio de Janeiro e circula no Estado desde novembro do ano passado.
Estas cepas ajudam a explicar o agravamento da pandemia no Rio Grande do Sul. Mesmo longe de estar concluído, março de 2021 já é o mês com mais mortes provocadas pela Covid-19 no Rio Grande do Sul – com o registro de, pelo menos, 2.360 fatalidades nos últimos 15 dias. Até então, dezembro de 2020 havia concentrado o maior número de óbitos, com 2.088.
Covid-19 mantém aceleração entre jovens
Os especialistas que participaram da transmissão ao vivo ressaltaram, mais uma vez, a curva ascendente de casos de Covid-19 entre os jovens. No entanto, este fato não é atribuído a uma mudança de característica do vírus, mas sim à incidência da doença, classificada como “tremendamente alta”.
“A Covid ainda é uma doença que afeta os mais velhos, e a idade ainda é um fator de risco bem maior. Acontece que, em um momento de incidência do vírus a nível populacional tremendamente alta, a quantidade de pessoas jovens que adoecem e morrem também é alta”, explicou o farmacêutico Eduardo da Silva.
Outro ponto observado pelos técnicos é o aumento de pessoas sem comorbidades que enfrentaram quadro grave ou morreram em decorrência da Covid-19. Este aspecto dos dados foi alvo de ressalvas, já que parte da população apresenta fatores de risco que não se enquadram entre os problemas crônicos – como, por exemplo, o abuso do álcool.