A médica cardiologista Ludhmila Hajjar recusou, nesta segunda-feira, o convite para assumir o Ministério da Saúde, atualmente comandado pelo general Eduardo Pazuello. A especialista comunicou a decisão, em reunião, ao presidente Jair Bolsonaro.
Ludhmila havia sido uma das indicadas pelo Centrão e chegou a se encontrar com Bolsonaro ontem. Porém, passou a ser bombardeada pelas rede sociais e por seguidores do presidente, que encaminharam diretamente ao núcleo de poder do Planalto gravações em áudio e também vídeos em que a cardiologista critica a ação federal frente à pandemia.
A médica já sinalizou ser favorável ao distanciamento social, ao uso constante de máscara facial e suspensões de atividades econômicas para frear a disseminação do novo coronavírus, causador da Covid-19.
Outros dois cardiologistas vêm sendo cotados pelo Palácio do Planalto para assumir a vaga de Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde. Marcelo Queiroga, atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e José Antonio Franchini Ramires, professor titular do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo.
Queiroga conta com bom trânsito em Brasília e no governo, tendo sido convidado este ano para integrar a direção da Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS. Já Ramires teve o nome indicado ao presidente pela ala ideológica do governo.
Enquanto tenta atrair um médico renomado, o Planalto “guarda” uma opção ofertada a ele por parlamentares do Centrão, agora aliados do governo: o deputado Luiz Antônio Teixeira Júnior (PP-RJ), conhecido com Doutor Luizinho. Médico ortopedista, está no primeiro mandato e já exerceu o cargo de secretário estadual de saúde do governo do Rio.
Marcelo Queiroga é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba. É especialista em cardiologia, com doutorado em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/Portugal. Atualmente, dirige o departamento de hemodinâmica e cardiologia intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley (Unimed João Pessoa) e é médico cardiologista intervencionista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, também na Paraíba.
Atuou como dirigente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, na qual já exerceu a presidência no biênio 2012/2013, sendo membro permanente do Conselho Consultivo. Integra ainda o Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba como Conselheiro Titular.
Assim como Ludhmila Hajjar, Marcelo Queiroga defende o isolamento social como forma de combate à pandemia. Ele também já se posicionou contrário ao “tratamento precoce” defendido por Bolsonaro à base de cloroquina, medicamento sem comprovação científica para Covid-19. De perfil técnico, Queiroga atuou na equipe de transição do governo de Michel Temer para Bolsonaro no fim de 2018. Em setembro do ano passado, encontrou-se com o presidente no Planalto e chegou a postar uma foto com ele.
Já José Antonio Franchini Ramires é mestre e doutor em Cardiologia. Já dirigiu o Incor e atualmente é professor titular do instituto. Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo em 1972, já publicou artigos sobre a relação da covid-19 e o coração. É ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O deputado Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ), conhecido como Doutor Luizinho, também é médico e, assim como Queiroga, nutre boa relação com representantes do Planalto. Doutor Luizinho preside a Comissão de Seguridade Social da Câmara neste ano.
Ao assumir o posto, afirmou que o tema da pandemia deve ser o assunto predominante em 2021 no grupo e defendeu um trabalho harmônico na Casa. “Temos mais de 270 mil pessoas mortas no nosso País. Nós precisamos de união”, disse. “Nós vivemos hoje num País conflagrado, num País que parece que perdemos nossa capacidade de estarmos unidos para enfrentarmos a pandemia”, completou.
Em 2020, ele foi relator da comissão montada na Casa para acompanhar ações de combate à Covid-19. Pelas redes sociais, Doutor Luizinho afirmou ter sido o deputado que mais aprovou leis ao longo da crise sanitária. Ele salienta, especialmente, a que vetou a exportação de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e a que permite ao Ministério da Saúde utilizar o saldo remanescente dos planos de saúde nos Estados para custear ações de combate ao novo coronavírus.
Natural de Nova Iguaçu (RJ), o parlamentar, de 47 anos, está no primeiro mandato na Câmara. Especialista em ortopedia, foi eleito com 103 mil votos. Antes de se tornar parlamentar, Luizinho foi secretário de Saúde do Rio de Janeiro de 2016 a 2018, durante a gestão do governador Luiz Fernando Pezão (MDB). O então secretário foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Lava Jato, por constrangimento ilegal em caso relacionado à segurança privada de unidades estaduais de saúde. Ele nega.