Anvisa: não há registro de coágulos ligados a vacinas contra a Covid-19

Alguns países suspenderam a aplicação do imunizante da AstraZeneca

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta segunda-feira que não há registro de embolismo ou trombose comprovadamente ligados a vacinas da Covid-19 no Brasil. O órgão, porém, disse monitorar cinco ocorrências suspeitas de tromboembolismo entre os quase 3 milhões de brasileiros que receberam o imunizante de Oxford. Ressaltou ainda não ter sido estabelecida até agora ligação de causalidade entre a vacina e os eventos, em comunicado da Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária.

Divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo, o documento é do 10, mas a assessoria da Anvisa afirmou nesta segunda-feira que não houve alteração. O informe cita ainda que o lote suspenso por alguns países da Europa não veio para o Brasil. “O lote suspeito – ABV5300 – é fabricado pela AstraZeneca e não é utilizado no Brasil”, acrescentou a Anvisa. Por enquanto, o País usa 4 milhões de doses importadas do Instituto Serum, da Índia. A Fiocruz, que vai fabricar a vacina de Oxford no Brasil, prevê entregar 500 mil doses na quarta-feira. A Anvisa ressaltou ainda que “por meio da área internacional, solicitou informações sobre a investigação promovida na Europa”.

O Estadão procurou o Ministério da Saúde para comentar a suspensão do uso da vacina em outros países, mas ainda não recebeu resposta. Em boletim divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde nesta segunda-feira, a pasta traçou um balanço de eventos adversos pós-vacinação do primeiro mês de campanha no País.

Importante ressaltar que eventos adversos não são necessariamente relacionados à vacina, mas, sim, à qualquer condição de saúde ocorrida depois da aplicação de uma dose, mesmo que não haja ligação entre um fato e outro. Se uma pessoa for vacinada e, no mesmo dia, sofrer acidente de trânsito, por exemplo, isso deve ser reportado, mesmo que o elo com a vacina seja muito improvável.

Conforme o boletim, que considera 5.874.000 doses aplicadas entre 18 de janeiro e 18 de fevereiro, 430 eventos adversos graves foram registrados – 0,007% do total. O documento informou ainda o registro de 20.181 eventos adversos não graves, que ncluem dor no local da aplicação e dor de cabeça. Eles correspondem 0,34%.

Entre os 430 eventos adversos graves, há 139 mortes, mas 70% delas já tiveram uma possível ligação com a vacina descartada. “Nenhum dos óbitos foi considerado como tendo relação causal com as vacinas Covid-19”, detalha a agência.

Para Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, não há evidências de que as vacinas da Covid ou qualquer outra aumentem o risco de problemas de coagulação. Ela ressalta ser importante uma investigação cautelosa, mas garante não haver prova da relação entre os quadros tromboembólicos e a vacina. A especialista ainda teme que a decisão dos europeus de suspender a aplicação antes de qualquer evidência prejudique a confiança nos imunizantes. “Pode causar um estrago difícil de consertar depois”, adverte.