Me conta o Nenito Sarturi, baita cantor, poeta e compositor que o Sérgio Rosa, gaiteiro e dos buenos, um dos mais produtivos compositores da música gaúcha, um criatura que levanta cedo, compõe, ensaia, grava em estúdios, viaja, canta e toca em shows e fandangos. Isso desde os tempos de adolescente pois começou mui cedito lá no interior de Seberi, mais precisamente no Lageado do Meio.
Quando mudou-se, juntamente com o Antonio Gringo( outro baita músico) para Santa Maria formando o Grupo Os Quatro Ventos, tais atividades se intensificaram mais ainda, pois o Serginho passou a ser solicitado por outros compositores e músicos para emprestar-lhes seu talento em estúdios de gravação, bem como para a participação em Festivais e outros eventos.
Portanto, o Sérgio Rosa pode ser chamado, assim como tantos outros colegas de profissão, um verdadeiro “Operário da Música”.
Digo isso porque a profissão de Músico não é devidamente reconhecida pela maioria da população. Na verdade o Músico, de forma geral, é visto como um “bom vivant”, um festeiro, uma pessoa de “vida fácil”, que leva a vida cantando, tocando e “vivendo de vento”, como se diz. Poucos lembram que o Músico tem família, contas a pagar, precisa educar e alimentar os filhos, como qualquer outro cidadão, de qualquer profissão. E é dela, da profissão de Músico, que tal profissional retira seu sustento e de sua família.
Depois que o Serginho mudou-se para Santa Maria, na década de 1980, tendo em vista todas as atividades já citadas, levou cerca de um ano para retornar à sua cidade natal, a fim de visitar os familiares e amigos.
Quando retornou a Seberi, os amigos o rodearam, curiosos por saber como o Serginho estava, como andava a sua vida, etc. etc.
Um deles perguntou ao grande gaiteiro:
– E aí, Serginho, como vão as coisas? O que tem feito da vida? Com o que estás trabalhando?
O Serginho respondeu:
-Bueno, to me virando que nem “bolacha em boca de véia”… Ensaio todos os dias, gravo em estúdios, viajo e participo de Festivais, faço shows e toco bailes. To numa baita correria”
O sujeito deu uma risadinha sarcástica e lascou:
– Sim, eu sei disso… Mas afinal, com o que tu “trabalha” mesmo?
( O Serginho fuzilou o sujeito com uma olhada e só não foi no pescoço do mesmo porque os demais amigos lhe “atacaram”)