As investigações sobre as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam três anos neste domingo (14) sem conclusão. Em 2018, a parlamentar foi alvo de um atentado a tiros na região central do Rio. Desde então, a família cobra das autoridades respostas para duas perguntas: “Quem mandou matar Marielle? E por quê?”.
Sem novidades nas investigações nos últimos meses, o MP-RJ criou uma força-tarefa para atuar no caso. Na sexta (12), a Promotoria anunciou um acordo judicial com o Facebook para obter dados que possam aprofundar a apuração.
“Não podemos afirmar que, com as informações do Facebook, chegaremos aos mandantes, mas esperamos que ajudem”, disse a promotora Simone Sibilio, que atuou na investigação que levou, em 2019, à prisão dos réus, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, apontados como os executores do crime.
A Delegacia de Homicídios da Capital, que já teve três delegados à frente do caso, informou que está alinhada com o MP-RJ e, agora, tem um delegado e uma equipe exclusivos para o caso. Somente neste ano, a polícia disse ter realizado mais de 100 diligências relacionadas ao crime.
“Marielle hoje é uma referência no mundo e na história. Estamos mais uma vez cobrando das autoridades mais empenho. Três anos é muita coisa, é muito tempo para que a gente ainda não saiba quem são os mandantes desta barbárie”, disse Marinete.
Já a viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus, reforçou a dicotomia entre dor e esperança por parte das famílias e de amigos das vítimas.
“A gente fica pensando se vai mesmo chegar a uma resposta sobre os mandantes. Eu confesso que a esperança não morre, mas as coisas vão caminhando, recebemos notícias e duvidamos um pouco das instituições, das buscas… Espero que tenhamos a fé renovada com as assinaturas da campanha”, afirmou Agatha, se referindo a uma petição entregue ao governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, e ao procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, com mais de 1 milhão de assinaturas de pessoas do Brasil e do mundo que cobram por justiça.
Relembre o caso
A quinta vereadora mais votada do Rio, Marielle Franco, foi executada com quatro tiros ao sair de um evento na Casa das Pretas, localizada na Lapa, região central do Rio, no dia 14 de março de 2018.
Imagens de câmeras de segurança registraram o início da perseguição de um veículo prata ao carro da parlamentar. No entanto, os disparos foram feitos em uma rua onde não havia sistema de monitoramento.
Um ano após o crime, a polícia prendeu o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Lessa é acusado de ter atirado com uma submetralhadora, e Élcio, de dirigir o veículo usado no crime.
Até hoje, a arma não foi encontrada. No entanto, durante as investigações, a polícia encontrou um arsenal na casa de um amigo de infância de Ronnie Lessa no Méier, zona norte do Rio. Na ocasião, o suspeito alegou ter guardado os 117 fuzis sem saber o conteúdo das caixas.
Uma denúncia revelou que o armamento foi lançado ao mar na Barra da Tijuca, na zona oeste. Em depoimento ao MP-RJ, um pescador confirmou ter sido contratado por R$ 300 por um suspeito ligado a Ronnie Lessa para realizar o serviço.
A partir da informação, em outubro de 2019, a Operação Submersus prendeu a esposa e o cunhado de Ronnie Lessa, além de duas pessoas, por atrapalharem a investigação.
No ano seguinte, o bombeiro Maxwell Simões Correa foi preso na Operação Submersus 2 por ajudar o grupo a descartar a arma do crime.
Em fevereiro de 2021, a Justiça confirmou que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz vão a júri popular pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, mediante emboscada e impossibilidade de defesa das vítimas. A dupla nega participação nos assassinatos.