Fiocruz: país nunca teve redução significativa na transmissão de Covid

Pesquisadores dizem que o Brasil enfrenta o pior cenário da pandemia

Foto: Ricardo Wolffenbuttel/Governo de SC

Com menos de 3% da população mundial, o Brasil registra 10,3% de todas as mortes por Covid-19 no mundo. O dado é parte do Boletim do Observatório Covid-19, divulgado nesta quinta-feira, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“O mundo acumula um total de 117.573.007 de casos confirmados e 2.610.925 de óbitos registrados por Covid-19. O Brasil se encontra entre os países com piores indicadores, totalizando 11.122.429 casos e 268.370 óbitos, o que corresponde a 9,5% e 10,3% do total global respectivamente, ainda que sua população corresponda a menos de 3% da população mundial”, alertaram os cientistas da Fiocruz.

Os pesquisadores observaram que o Brasil enfrenta o pior cenário desde o início da pandemia, sendo que o país nunca alcançou uma redução significativa da curva de transmissão. Segundo eles, os recordes de novos casos e óbitos vêm sendo superados diariamente, acompanhados por uma situação de colapso dos sistemas de saúde em grande parte dos estados e municípios.

Conforme dados do sistema InfoGripe, apresentados no boletim, os níveis de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) atingem níveis muito altos em todas as unidades da Federação, com uma tendência de aumento em todos os estados das regiões Sul e Sudeste. Entre os registros com resultado positivo para o vírus respiratório, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos pelas SRAGs envolvem o novo coronavírus, de acordo com os cientistas da Fundação.

UTIs
De acordo com a Fiocruz, as taxas de ocupação de UTIs Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) se mantêm muito críticas, subindo desde julho do ano passado. Na última semana, somente o Pará apresentou melhora para saída da zona de alerta crítico e retorno à zona de alerta intermediário.

Dezessete estados e o Distrito Federal mantiveram taxas iguais ou superiores a 80% de ocupação, e mais dois estados somaram-se a eles, resultando em um total de 20 unidades federativas na zona de alerta crítico, 13 delas com taxas superiores a 90%.

Os pesquisadores defendem como principal medida de controle e redução da transmissão e do número de casos e mortes pela Covid-19, a adoção de medidas de supressão ou bloqueio, com incorporação de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, além do uso de máscaras em larga escala social.