Empresários fazem carreata e protesto, em frente ao Piratini, contra medidas da bandeira preta

Grupo se reuniu em em frente à Assembleia Legislativa e ao Palácio Piratini nesta quarta-feira

Foto: Gabriel Santos/Divulgação

Entidades ligadas ao comércio e à área de serviços considerados não-essenciais realizaram uma carreata seguida de protesto, parando em frente ao Palácio Piratini e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A ação teve como objetivo demonstrar a contrariedade e a indignação da categoria com as restrições impostas pelo decreto estadual, em vigor até o dia 21, que mantem o Rio Grande do Sul sob a bandeira preta no modelo de distanciamento controlado, usado para conter a pandemia de coronavírus.

O ato em frente ao Palácio começou com a execução do Hino Nacional, acompanhado em coro pelas dezenas de pessoas presentes à manifestação. A maioria se manifestou usando máscara de proteção individual, mas sem cumprir com o distanciamento mínimo interpessoal. O grupo levou cartazes com dizeres como “não deixe um ditador calar a sua voz” e “queremos leitos, não containers”. Na sequência, foram proferidas palavras e frases como “queremos trabalhar” e “economia também é vida”.

“Nossa reivindicação é para que o governo do Estado venha a tornar a nossa atividade uma atividade essencial, visto que nós levamos a prevenção à população. A atividade física gera uma melhora na qualidade de vida e ainda aumenta a imunidade das pessoas”, afirmou Gabriel Santos, presidente da Associação das Academias Gaúchas Unidas (AAGU), uma das apoiadoras do movimento, em entrevista a Rádio Guaíba.

Segundo o presidente da AAGU, as entidades oficiais não vêm fazendo um trabalho efetivo em meio à pandemia na luta pelos “reais interesses” dos associados e não procuraram as academias para saber das nossas principais dificuldades que o setor enfrenta. “Pelo contrário, elas pedem para que a gente fique em casa, que espere tudo isso passar, enquanto nossas empresas estão fechando, estamos vendo tudo quebrar”, complementou.

Um recente levantamento da AAGU, antes da pandemia, mostra que havia 3.188 academias abertas no Rio Grande do Sul. Até janeiro, quase 1,2 mil fecharam. Porto Alegre, segundo Santos, é a cidade mais afetada.

O intento dos empresários também era solicitar a ajuda do governador Eduardo Leite para a negociação das dívidas que foram adquiridas pelas empresas em meio ao estado de calamidade pública. Santos observou, ainda, que Leite não vem dando aos profissionais da educação física e preparadores físicos a oportunidade de ajudar no combate à doença. “As pessoas sedentárias estão mais expostas ao vírus”, finalizou.

Perto das 18h30min, o governo emitiu nota, comentando a manifestação. Veja o texto na íntegra:

NOTA SOBRE MANIFESTAÇÕES

O governo entende as manifestações contrárias às restrições para conter a disseminação do coronavírus, mas lembra que o cenário atual da pandemia não é oportuno, do ponto de vista sanitário, para realizar aglomerações.

Na terça-feira, 9, o Estado registrou um recorde de 275 mortes pela Covid-19 em nosso território. Mesmo com o governo tendo ampliado o número de leitos de UTI em 136%, o Estado tem a capacidade de ocupação das UTIs esgotada, inclusive com pessoas em situação grave à espera de leito.

Esse contexto impõe que o Rio Grande do Sul adote medidas restritivas para diminuir a circulação de pessoas, como fizeram, com sucesso, países como Alemanha, Reino Unido, Itália, França, Espanha, entre outros.

Por fim, o governo reitera que a realização de aglomerações, com pessoas sem máscara, inclusive, em nada ajuda o Estado a superar esse momento. Pelo contrário: amplia a circulação do vírus, coloca vidas em risco (incluindo as de quem participa dessas atividades), atrasa a retomada econômica, que é de interesse de todos, e fortalece aquele que deveria ser o inimigo em comum da sociedade gaúcha: o vírus.