A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, que registra acentuado avanço nos números de casos e mortes pela doença nos últimos dias. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, em coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, caracterizou o quadro no País como “muito, muito preocupante”.
Tedros citou estatísticas que mostraram que o volume de óbitos por semana subiu de pouco mais de 2 mil em novembro para cerca de 8 mil agora. Segundo ele, no início deste ano, enquanto vários países viam arrefecimento da epidemia, a maior economia latino-americana seguia a direção contrária. “O Brasil precisa levar isso muito a sério”, advertiu.
O líder da OMS exortou os brasileiros a seguirem as diretrizes públicas de distanciamento social. “Sem fazer coisas para impactar a transmissão ou suprimir o vírus, não acho que seremos capazes de ter a tendência de declínio no Brasil”, destacou, acrescentando que, se o país não for “sério” na resposta à crise, vai continuar afetando também os vizinhos na América do Sul.
Na mesma linha, o diretor de emergências da Organização, Michael Ryan, ressaltou que esse não é o momento ideal para relaxar as políticas de redução da mobilidade. Ele ressaltou que o avanço da Covid-19 acontece em escala nacional, “de Norte a Sul”, mas classificou especificamente a curva epidêmica no Manaus e no Amazonas como “difícil”.
De acordo com Ryan, “não há dúvidas” de que uma parte desses novos casos ocorre por reinfecção, dada a incidência de cepas mais transmissíveis. “O Brasil é um país complexo e cada município está trabalhando duro”, disse.
Epidemiologista responsável pela resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove também atribuiu o aumento de casos no País às novas mutações, sobretudo a identificada em Manaus.